Ao longo de suas quatro décadas de história, o Rock in Rio contou com o Guns N’ Roses como uma de suas atrações principais em cinco edições. A banda estreou no festival em 1991 e retornou em 2001, 2011, 2017 e, mais recentemente, em 2022.
Na última ocasião, Axl Rose acabou criticado pelo desempenho vocal aquém do esperado, sobretudo pelos agudos. Por meio das redes sociais, o próprio cantor pediu desculpas e afirmou que estava “indisposto” durante a performance.
Para Roberto Medina, idealizador do evento e presidente da empresa responsável Rock World, o grupo é capaz de lotar o festival de fãs mesmo com os problemas do vocalista. O tópico surgiu durante entrevista ao g1.
Quando perguntado sobre os shows mais marcantes ocorridos no evento, o empresário mencionou James Taylor, Prince e, então, o GN’R. Ao falar da banda, defendeu o vocalista, o descrevendo como uma “entidade da música” independentemente da voz atual.
Ele justificou:
“O Axl Rose perdeu um pouco da magia ao longo do tempo, mas ainda entrega grandes shows. Ele é uma entidade na história da música, assim como Frank Sinatra. O Sinatra, mesmo sem a extensão de voz de antes, lotava estádios porque era uma parte da história. O Axl Rose é assim também.”
Segundo Medina, nesse caso, a questão técnica “não importa tanto”. Por mais que as críticas e reclamações existam, o Guns N’ Roses ainda será um sucesso, como opinou:
“Então, essa preocupação técnica é claro que existe, porque faz parte da construção da crítica, mas se o cara não está com a voz que tinha antes, não importa tanto. Se eu trouxer de novo o Guns, a mídia vai dizer que o Axl não tem mais voz, muitas pessoas podem reclamar, mas vai lotar outra vez. Eu respeito muito quando você passa a ir além da sua música e se torna uma entidade.”
Axl Rose e Roberto Medina
Apesar de sair em defesa de Axl Rose, Roberto Medina já enfrentou problemas com o vocalista nos bastidores. À Veja em 2021, o empresário revelou algumas das dores de cabeça causadas pelo cantor no passado, além dos atrasos para subir ao palco:
“Ninguém supera o Axl Rose, que deu trabalho aqui e em Portugal. Em 1991, no Maracanã, um funcionário da equipe do Guns N’ Roses se envolveu em uma briga com uma pessoa da Rede Globo. A confusão se estendeu pelo dia inteiro e o Axl disse que só teria show quando lhe entregassem a fita com as imagens da alteração [da matéria]. A crise teve fim meia hora antes de ele subir ao palco: uma pessoa da banda foi à Globo e viu as imagens serem desgravadas. Em Lisboa, o Axl levou nove calças jeans iguais e cismou que só se apresentaria com a que tinha esquecido no avião. Mandamos buscar, claro.”
De qualquer forma, o empresário não esconde o apreço pelo artista. Tanto é que tentou trazer ao Brasil o AC/DC com Axl nos vocais. A banda excursionou com o frontman na posição de Brian Johnson pela Europa e Estados Unidos, durante parte da “Rock Or Bust World Tour”, entre maio e setembro de 2016.
Ao g1 em 2018, o empresário contou:
“Há cerca de quatro meses, tentei contratar o AC/DC com o Axl (Rose, do Guns N’Roses) no vocal. Todo mundo sabe que tenho uma queda pelo Guns, apesar do Axl não ser exatamente uma pessoa fácil de lidar – mas tudo bem, ele é especial e, por isso, merece tratamento especial. Chegamos a conversar e tenho certeza que seria excelente, mas as negociações não avançaram.”