Durante conversa com a Premier Guitar, Richard Fortus revelou por que o Guns N’ Roses inseriu o cover de “Wish You Were Here” do Pink Floyd em seus shows ao vivo.
“Slash e eu fazemos este dueto por um bom tempo enquanto o piano é colocado no palco para ‘November Rain’. Aconteceu na passagem de som do primeiro show, quando Axl estava com a perna quebrada, era o primeiro show em Arena, havíamos tocado em um clube onde Axl se acidentou e ali ele estava em uma cadeira. Daí ficamos pensando como diabos faríamos aquela transição com o nosso frontman numa cadeira. Então surgiu a ideia do longo dueto. Daí Slash olha pra mim e pergunta ‘O que você quer tocar?’. Eu disse que não tinha ideia, ele sugere ‘Que tal Wish You Were Here?’ e eu respondo ‘Claro, vamos tentar'”.
“Então nós dois, ali na passagem de som, ele começou a tocar e eu mandei a melodia vocal – tinha que estar ali – tocamos, trocamos solo, depois a banda entrou e tudo isto aconteceu durante aquela passagem de som. E a equipe técnica, o pessoal mais insensível do mundo, não se impressionam com nada, eles pararam e aplaudiram. Foi simplesmente mágico. E assim fizemos por dois ou três anos, e aquele era meu momento favorito no show pois a cada noite era diferente”.
“Há algumas coisas que também são assim, tipo ‘Heaven’s Door’, que soa diferente a cada noite, não sabemos o que vai acontecer, e isto é uma grande prova da lenda que é Slash: ele nunca toca a mesma coisa duas vezes. Como guitarrista, a tendência é se acomodar nos seus licks e levadas conhecidas, nos lugares onde você se sente confortável, mas ele não é assim, e eu adoro isto. Por isto compro esta coisa competitiva entre nós, um força o outro a tentar coisas novas, não ficamos parados no que conquistamos”.
“É assim: ele vem toda noite e faz um solo de guitarra. Axl o apresenta, e ele vai e tocar por conta própria, caminha até a ponta do palco e apenas toca. Nunca ouvi ele se repetir. Sendo honesto: às vezes arrepia o pelo de meu braço, e é difícil não se emocionar, há vezes em que é difícil focar no que eu devo fazer pois estou ali ouvindo o que ele faz, é absolutamente inspirador. Claro, algumas noites não são tão mágicas, nelas você apenas fica ‘Ooh!’ (risos). Mas no geral, considerando sua musicalidade, eu acho que ele é um verdadeiro gênio no que faz”.
“Você ouve Jeff Beck, numa noite ele é um grande guitarrista, na noite seguinte não foi tão bom, e Hendrix, cada show era diferente. Saiu um box-set com quatro shows diferentes ao longo de quatro anos, e são basicamente as mesmas músicas mas em versões completamente diferentes. Ele tocava de forma diferente a cada noite – é genial. Você ouve bootlegs de Hendrix na mesma turnê em noites diferentes e ele fazia coisas novas, abordava as músicas de maneira inédita, eu amo isto”.