Última parte da entrevista de Slash à revista Rolling Stone Brasil:
No inicio dos anos 2000, você foi diagnosticado com cardiomiopatia (aumento lesivo do coração) e recebeu o prognóstico de que só tinha seis semanas de vida. Qual foi o efeito de uma notícia dessas?
Não me lembro de isso ter surtido nenhum efeito profundo em mim. Enquanto todo mundo ao meu redor estava em estado de pânico, a única coisa com que eu me incomodava era superar aquilo para compensar os shows que eu tive de cancelar e ver o que ia fazer depois. A minha namorada na época [Perla] me ajudou muito, porque fiquei meio fora de mim. Minha prioridade era a fantasia de compensar os shows enquanto todas as outras pessoas estavam tentando ver se eu iria bater as botas ou não.
Em sua autobiografia, você escreveu que em 1996 teve pensamentos suicidas. Eram a sério?
Isso foi o catalisador que me fez sair do Guns N’ Roses. Eu pensava: “Não posso mais fazer isso”. Acordei no meio da noite com uns tipos de pensamentos suicidas. Daí, voltei para a cama. Mas era muito definido, era muito real. Levantei no dia seguinte e foi ai que o telefonema [para o empresário] aconteceu, e depois disso eu fiquei aliviado de verdade. Mas, antes desse episodio estava acontecendo algo muito sufocante e claustrofóbico.
Acha que o sucesso matou o Guns N’ Roses original? Se Appetite não tivesse feito tanto sucesso, será que teria havido mais música?
Não sei. Acho que o sucesso definitivamente transformou tudo aquilo em um monstro. Mas ao mesmo tempo, se tivesse parado e estagnado, talvez também não fosse sobreviver. É difícil saber. Simplesmente aconteceu do jeito que aconteceu, e fico surpreso por ter ido tão longe quanto foi.
Na biografia de Paul Stanley, ele diz que você falou com ele sobre a vaga de guitarrista na época de Creatures of the Night (1982). O que aconteceu?
Eu nunca tentei fazer parte do Kiss, nem fiz qualquer teste. Não sei do que ele está falando. A única coisa que Paul Stanley fez que teve algo a ver com o Guns N’ Roses ou comigo foi quando ele se ofereceu para produzir a banda antes de termos feito o Appetite For Destruction. Então, a menos que ele se lembre de algo de que eu não me lembro, não sei que história é essa.
Você completa 50 anos em julho. Acha que a idade tem algo a ver com seu arroubo de produtividade recente?
Não acho que realmente seja uma questão de idade. Depois de toda a loucura ter terminado em 2008, quando demitimos Scott [Weiland, vocalista do Velvet Revolver], senti que precisava fazer algo sozinho. Acho que este é o primeiro período em que eu finalmente peguei o touro pelos chifres e me determinei a fazer o que tinha de fazer. Não preciso escutar mais ninguém, simplesmente vou fazer do jeito que eu sempre quis fazer, que sempre defendi para todo mundo. Está sendo bom, divertido e catártico a seu próprio modo.
Com isso em mente, o fato de você ter construído uma carreira solo a ponto de ser atração principal de festivais deve ser uma satisfação imensa, não?
A coisa toda para mim não é atingir um objetivo maximo, mas uma questão de progredir, só dar um passo após o outro. E acho que, para mim, sempre foi assim – o ritual da caça é melhor do que pegar a presa. Gosto de ter as coisas naquele ponto em que sempre existe uma noção de urgência e uma noção de trabalhar para alguma coisa. Gosto de ser humilde e continuar seguindo em frente, não gosto de chegar àquele lugar onde de repente não se tem mais para onde ir.
Em algum momento você se permite comemorar suas conquistas?
Na verdade, não. Acho que há momentos em que, como coletivo, você pode parar e comemorar algo. Eu me lembro quando o Velvet Revolver chegou ao número 1 da parada nos Estados Unidos, com aquele álbum estávamos em Lãs Vegas, então comemoramos [risos]. Em minha memória recente, aquela foi a apresentação mais bêbada que eu fiz perante uma platéia. Acho que você pode dar um tapinha no ombro um do outro, mas não acho que realmente passamos muito tempo ruminando uma conquista. Você só pode dá uma piscada para o outro cara e continua seguindo em frente.
Retirado de: Revista Rolling Stone Brasil
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
1 comentário
[…] CLIQUE AQUI PARA LER A PRÓXIMA PARTE DA ENTREVISTA […]