O Guns N’ Roses ficou conhecido por, entre outros motivos, levar um estilo de vida bem adepto à máxima “sexo, drogas e rock and roll”. O segundo tópico, em especial, sempre esteve muito presente no período clássico da banda.
Os fãs conhecem dezenas de histórias relacionadas aos vícios dos integrantes do grupo. Porém, havia um desses músicos que poderia ser facilmente descrito como o “sóbrio” da formação.
Em entrevista à Rolling Stone, o baterista Matt Sorum, que integrou o Guns de 1990 a 1997, revelou que o vocalista Axl Rose era o merecedor desse título. Na visão de Sorum, enquanto todos os outros músicos estavam tendo problemas nesse sentido, Axl era o único que mantinha-se longe das drogas, na medida do possível, para dar uma direção à banda.
“Quando entrei, havia os quatro caras originais. Quando ficamos tão grandes (após os ‘Illusion’), a máquina meio que assumiu o controle. Tomamos decisões que não estavam completamente claras em nossas mentes, com base no álcool e nas drogas. Se havia alguém sóbrio, era Axl. Ele sempre foi acusado de ser o pior viciado em drogas, mas estava apenas tentando conduzir o navio”, afirmou.
Matt ainda destacou a liderança exercida pelo guitarrista Slash entre os instrumentistas do Guns N’ Roses. “Slash era meio que o líder da banda para os integrantes. Ele falava tipo: ‘se você vai farrear até 6 da manhã, ok, mas precisa estar no ensaio ao meio-dia, então, não perca a passagem de som’. Algumas vezes, eu perdi o controle e comecei a ferrar tudo também. Havia muita loucura rolando. Fazia parte daqueles tempos, da maquiagem da banda e de tudo no entorno”, disse.
A saída de Izzy Stradlin em 1991 ocorreu, na visão de Matt Sorum, justamente porque estava cada vez mais difícil pertencer àquele cenário de insanidade coletiva. “Quando Izzy saiu, acho que ele não conseguia mais estar por perto naquele nível. Virou aquela montanha-russa maluca da qual você não consegue sair. Era quase incontrolável. Teve uma capa da revista ‘Rolling Stone’ que só dizia: ‘Guns N’ Roses Fora de Controle’. Era assim que me sentia na época. Eu não tomava decisões na banda. Só estava naquela situação selvagem”, declarou.
A genialidade de Axl Rose
Enquanto mantinha-se sóbrio, Axl Rose tinha, de acordo com Matt Sorum, ideias geniais. Uma delas foi lançar os álbuns “Use Your Illusion” em dois volumes, num movimento que pegou todo mundo de surpresa.
“Quando Axl decidiu que os ‘Illusion’ seriam dois álbuns, foi um momento de gênio. Lembro de estarmos no estúdio e havia uma porta eletrônica, como ‘Star Trek’. Axl veio junto de umas duas garotas. No meio da gravação, ele disse que seria um álbum duplo. Nós tínhamos 32 músicas, achávamos que escolheríamos umas 20 e depois as 12 ou 13 melhores, mas ele trouxe a ideia, com as capas de duas cores”, contou, inicialmente.
O baterista, claro, estranhou a ideia ao ouvi-la. Porém, Axl tinha pensado bem nos argumentos para trazer aquele projeto à realidade
“Perguntei o motivo daquilo. Ele havia trabalhado na Tower Records (rede de lojas de música), na Sunset Strip. Se você tinha um disco duplo, tinha que colocar perto da caixa registradora. Custava 20 dólares. Ele queria que os discos ficassem naquela área, onde você podia pegá-los, segurá-los. Além disso, acho que ele quis renegociar com David Geffen (presidente da Geffen Records) para fazer a banda ser paga por dois álbuns. Não sei se isso rolou, mas lembro que fomos pagos pelos discos, então, foi a mesma coisa”, disse.
Por fim, Sorum revelou outra intenção de Rose ao apostar em um álbum duplo: “Acho que o principal era que teríamos muita turnê para fazer. Ele estava tipo: ‘quero ficar cinco anos na estrada, esses dois discos serão as etapas dessa turnê'”.