O baixista Duff McKagan nunca tentou esconder suas origens punk rock. Mesmo fazendo parte do Guns N’ Roses, banda notória dentro do hard rock da década de 1980, o músico sempre deixou claro suas referências punk em termos de sonoridade e visual.
Em recente entrevista ao podcast de Allison Hagendorf para o Spotify, transcrita pelo Blabbermouth, o músico se recordou dessas origens enquanto falava sobre o álbum de uma de suas primeiras bandas em Seattle, o The Living. O material, que traz Duff na guitarra, foi gravado em 1982 e lançado só agora.
Ao refletir sobre suas influências, Duff relembrou que descobriu o guitarrista Slash e o baterista Steven Adler, seus colegas de Guns N’ Roses, em um anúncio de jornal. Por uma série de motivos, ele pensou que seriam dois músicos punk, mas longe disso: eles curtiam mais o hard rock e queriam fazer um som típico da cena oitentista de Los Angeles.
“Eu conheci Slash e Steven Adler na Canter’s (loja de conveniência), um restaurante (em Los Angeles) que eu nunca tinha ido. Marc Canter (um dos donos) era amigo de infância de Slash, cresceram juntos em Los Angeles. Era tão estranho para mim. Eu tinha saído (de Seattle) e fiz shows de punk rock (em Los Angeles), mas eu não conhecia ninguém em Hollywood, e lá estava eu”, afirmou.
Naqueles tempos, McKagan estava se distanciando um pouco de suas referências punk. Além do estilo ser visto como algo já “morto” naqueles tempos, a chegada do hardcore, cujo estilo de vida mais agressivo não agradava a Duff, provocaram tal afastamento.
“O nome no anúncio estava como Slash. Conversamos no telefone público e eu pensei que ele seria um cara punk como eu, pois era em 1984. O Green River (banda de Seattle) era um bom indicativo disso: em 1984, as pessoas estavam olhando, tipo: ‘o que quer que venha a seguir é vai estar em nossos ombros, o punk acabou'”, comentou.
Em seguida, Duff fez uma crítica específica aos tempos iniciais do hardcore dentro do punk. “O hardcore chegou e meio que estragou muitas cenas punk. Aqueles caras atléticos suburbanos que raspavam a cabeça, começaram a bater nas pessoas e a fazer ‘sieg heil’ (saudação nazista). Era, tipo: ‘isso não é punk, pessoal’. Então, o que quer que viesse a seguir, seria o que rolaria”, declarou.
Ao conhecer Steven Adler e especialmente Slash, o baixista ficou em choque no que diz respeito ao visual. “As influências de Slash eram Fear, Aerosmith, Alice Cooper. Pensei: ok, mas esse cara está meio que indo para onde estou, eu tinha cabelo azul curto e tal. Daí, encontrei esses caras e eram dois caras cabeludos e eu fiquei tipo: ‘uau’. Foi uma espécie de choque cultural para mim e acho que para eles também”, comentou.
Apesar desse estranhamento, todos se deram muito bem – e Duff se surpreendeu com a habilidade de Slash na guitarra. “Começamos a conversar sobre música. É algo universal. Fomos para a casa de Slash, o porão de sua mãe, e ele começou a tocar guitarra. Antes, eu havia tocado com esses caras (de Seattle). Stone (Gossard, guitarrista do Pearl Jam) mencionou Paul Solger, que era meu guitarrista na época. Era o melhor cara da Costa Oeste. Daí eu entrei neste porão com Slash e fiquei: ‘uau'”, pontuou o baixista.