Em um quarto de hotel em Nova Jersey, Saul Hudson está matando tempo enquanto tenta se manter alerta. O guitarrista se aproxima do fim de um raro dia de folga. Passou meses se apresentando com a banda que o acompanha, a The Conspirators (que conta com o vocalista Myles Kennedy), como atração de abertura da turnê mais recente do Aerosmith, no segundo semestre de 2014. Alem disso, o astro tem que dar conta de um desfile interminável de obrigações ligadas à divulgação de World on Fire, terceiro álbum solo dele – entre os afazeres estava esta entrevista, que você pode ler abaixo:
No ano passado, você saiu em turnê com o Aerosmith. Sua associação com eles vem de longa data, desde que assistiu a banda como fã, em 1979, até a turnê que fez com eles quando estava no Guns N’ Roses (1988), e agora mais uma vez. Em que ponto você começou a sentir que estava no mesmo patamar que eles?
Você nunca vai sentir que é igual em relação aos seus heróis. Não pode simplesmente ficar na boa com os caras que basicamente foram responsáveis por você ter pegado naquela porra de guitarra em primeiro lugar, e daí de repente se sentir [igual]. Isso seria muito arrogante. Mas é legal poder bater um papo com Joe [Perry] e Steven [Tyler] e com o resto do pessoal, ou com gente como Jimmy Page (Led Zeppelin), Jeff Beck ou Bllly Gibbons (ZZ Top). Isso pra mim é uma sensação maravilhosa, que eu jamais imaginaria que seria capaz de conseguir.
Em uma época em que EPs e singles estão se tornando mais comuns, World on Fire é um álbum com 17 faixas e quase 80 minutos. Você fica feliz por estar em descompasso com o mercado?
Não faço isso de propósito, não tento ser o ponto fora da curva só para ser diferente. Mas, ao mesmo tempo, faço as coisas do jeito que gosto de fazer, e da maneira que me parece ser a correta. Se as pessoas se incomodam aí eu me divirto um pouco [risos].
Por toda sua carreira, você sempre permaneceu na trilha do rock, apesar das modas de época. Houve momentos ao longo do caminho em que você sentiu que não se encaixava?
Achei que esse era o caso [em alguns momentos], mas seja lá qual for o tipo, a música comercial sempre é uma porcaria. Você não quer fazer parte dela [risos]. Como artista, você só quer fazer aquilo que tem vontade de fazer, e não quer ser rotulado como parte do mainstream. Quando você finalmente se torna mainstream fica tipo: “Deus, me tire daqui. Eu não quero estar aqui”.
Os Conspirators claramente se tornou uma unidade coesa. O que significa para você estar nesta estrada com Myles, Brent e Todd?
Eu realmente sou uma pessoa que encontra alegria em uma situação de banda. Desde que peguei uma guitarra pela primeira vez, a primeira coisa que eu fiz foi formar uma banda. Não faz muito tempo que me dei conta de que preciso estar em uma situação em que todos participam e todos podem sentir que estão contribuindo. Com certeza é melhor se todo mundo tiver pelo menos uma chance de contribuir.
No passado você disse que o fato de que o Guns N’ Roses poderia se dissolver a qualquer momento deixava as coisas mais instigantes. De onde vem essa animação em uma formação estável como a do Conspirators?
Acho que, neste momento específico, só de saber que todos estão de acordo, estão se divertindo e passam por isso tudo no mesmo nível e ao mesmo tempo é uma sensação ótima. Em outras experiências, a volatilidade começa a se transformar em uma bola de neve depois de um tempo e é difícil segurar as rédeas. E daí de repente, quando o fim está próximo você pensa: “Ai, merda!” [Risos] É igual correr em direção a um penhasco.
A volatilidade interna do Guns N’ Roses ou do Velvet Revolver em alguns momentos beneficiou a música?
Há algumas maneiras diferentes de se olhar para isso. Se uma das coisas é a mentalidade de “nós-contra-eles”, onde todos são forçados a se unir contra os obstáculos e conflitos e destruir barreiras, isso é ótimo para a banda. Já conflito interno, tormento e animosidade – eu não vejo razão para isso. Não acredito que tais situações favoreçam a criatividade. Não ajudam para que eu tenha vontade verdadeira de tocar. Acho que esse é um mito e um clichê do rock and roll.
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Retirado de: Revista Rolling Stone Brasil
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
1 comentário
N tem regras,slash,perfeito, mestre na arte que domina