À primeira vista, um termo como new classic rock (novo rock clássico, em tradução livre) pode ir do curioso ao paradoxal, mas é assim que o grupo australiano The Dead Daisies se define. Revivalista, o projeto foi formado em 2012 pelo vocalista Jon Stevens (ex-Noiseworks, que substituiu Michael Hutchence no INXS) e pelo guitarrista David Lowy (ex-Mink e Red Phoenix) com um objetivo: voltar aos “velhos e bons tempos” do rock.
Para tentar chegar a isso, a dupla arregimentou uma constelação do hard rock: o guitarrista Richard Fortus e tecladista Dizzy Reed (do Guns N’ Roses), o baixista Marco Mendoza (ex-Thin Lizzy e Whitesnake) e o baterista Brian Tichy (ex-Ozzy Osbourne).
“Eu e David nos conhecemos no passado e começamos a compor. Quando a coisa progrediu e passamos a tocar ao vivo na Austrália, muitos músicos quiseram se juntar a nós”, disse ao UOL, por telefone, Jon Stevens, que atualmente excursiona com o Dead Daisies ao lado do Kiss e do Def Leppard no Estados Unidos.
“É algo diferente. Alguns dos músicos têm dois ou três empregos, estão trabalhando duro, mas todas as personalidades agregam. Não há egos. Afinal, já fizemos isso antes. E, o mais importante, estamos fazendo novas músicas”.
Misturando hard rock de arena com elemenos de rock setentista, o grupo lançou em julho seu primeiro trabalho no Brasil, homônimo, disponível apenas via iTunes. Fora a inevitável modernidade do arquivo digital, tudo no Dead Daisies parece soar como uma amálgama do passado.
Os vocais são rasgados e os refrões, ganchudos. Além de baladas com nítidas influências do country, há arranjos com órgão hammond e solos de inspiração bluseira —um deles, de “Lock N’ Load”, feito pelo guitarrista Slash. As músicas soam como um Bad Company moderno, com a essência do que é hoje convencionado como classic rock.
Alheio a polêmicas, Stevens dá de ombros com as críticas. “Nosso conceito de banda foi concebido por meio do show. Sou mais tradicional nesse sentido. Para mim, compor e tocar é o que mantêm o rock vivo. Tento manter essa verdade com o Davy”, contou Stevens, para em seguida atacar o que vê como um domínio dos samplers e das colagens na música. “Por exemplo, há DJs que são ótimos. Mas, honestamente, quando vou a um show, quero ver músicos tocando seus instrumentos. Se eles são DJs, para mim não são músicos.”
Jon, que se diz ansioso para tocar com a banda no Brasil (“É um lugar maravilhoso para tocar música, está no sangue de vocês”, ressalta, mesmo sem ainda ter turnê marcada no país), não muda o discurso nem para falar de sua fase no INXS. Foram três anos e meio no lugar do amigo Michael Hutchence (que em 1997 foi encontrado morto, enforcado com um cinto em um quarto de hotel na Austrália) entre 2000 e 2003 —tempo suficiente para perceber que o futuro que vislumbrava era outro.
“Foi tudo muito triste, porque o Mike morreu. Era amigo de todos da banda em Sidney. Cantar com eles [INXS] foi uma honra, espetacular. Mas, durante esse tempo, eu compus muitas músicas e não podia utilizá-las. Acho que, na vida, você tem que em seguir em frente, continuar criando. É o que torna a coisa excitante. Estar no INXS, infelizmente, para mim, foi deixar de ser criativo.”
Retirado de: UOL Música
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube