Em dezembro de 2013, realizamos uma entrevista com o fã desenhista Adriano Silva, na qual ele nos contou um pouco sobre sua “missão” em entregar um desenho feito por ele mesmo a cada membro da formação original do Guns N’ Roses, especialmente a Axl Rose. Todas as tentativas renderam uma bela história de fã, digna de ser compartilhada com todos.
Eis que, após três meses dessa entrevista, Adriano conseguiu alcançar seu objetivo para com o ruivão. Acompanhe abaixo a “saga” desse fã aqui no Rio, para enfim conseguir realizar seu sonho.
Por Adriano Silva.
Depois de muito sacrifício consegui apertar a mão do ruivão e falar com ele… Tudo começou quando:
Como muitos na net acompanham minha intenção de presentear os cinco membros da formação clássica do Guns N’ Roses (consegui com Slash, Duff e Steven), após três tentativas nas turnês passadas pelo Brasil, este primeiro show da banda não poderia deixar passar em branco, mas teria que pensar de uma forma diferente. Sabia que em São Paulo seria impossível, teria que ser diferente, assim resolvi ir pro Rio de Janeiro. Com pouca grana, juntei as economias e peguei um ônibus rumo ao Rio…
Eu já sabia que a banda estava no Copacabana Palace, mas não sabia se ele (Axl) estava lá, porém era a única informação que eu tinha, assim fui para lá com o quadro, acompanhado de uma amiga. Chegando lá, um dia antes do show, tinham alguns fãs, uns me reconheceram, admiraram o quadro, tiraram fotos, mas ainda nenhuma informação sobre o Axl. Então, percebo uma pequena “muvuca” e vejo o Fernando Lebeis discutindo com segurança do hotel sobre os fãs. Ele defendia o direito de diálogo com eles naquele setor, o clima estava tenso, resolvi ficar longe com o quadro, nesse momento Fernando me vê de longe, me dá um sorriso e me cumprimenta. Fiquei feliz por ele ter lembrado de mim. Fernando é o filho da Beta Lebeis, assessora do Axl Rose. Depois do segurança ir embora, fui ter com ele e o mesmo admirou o quadro, dizendo que desta vez iria acontecer, mas não acreditei muito, sendo que sempre foi assim, também não dependia da vontade dele e sim do Axl.
Após prometer três ingressos para o show (meu, de minhas amigas Kate Carmo e Thuane Brim), Kate ficou responsável pelo contato para resolver o lance dos ingressos. Após isso, Fernando se retirou e eu fui para um hotel ali próximo, onde minhas amigas, citadas anteriormente, se hospedaram. Tomei um banho e voltei para a porta do Copa. Um amigo das meninas tinha alugado uma mesa dentro do hotel, assim pudemos entrar. Quanto luxo! Fiquei encantado com tanta beleza produzida pelo homem. Lembrei de minha humilde vida e de minhas verdadeiras riquezas, esposa e filhos. Ao sentar ao lado dos rapazes que estavam na mesa, começamos a nos divertir e a rir muito. Tinham dois rapazes na mesa, éramos um total de cinco. Percebi a atitude dos que estavam a minha volta, olhares esnobes. Eu estava bem vestido, com uma camisa social aberta com uma cruz grande no peito, parecia músico, com isso alguns me olhavam, mas nossa atitude acho que estava incomodando, estávamos contando lances engraçados, pensei “será que neste meio não se pode ser feliz?”, resumindo, nada de Axl Rose. Nem lá tínhamos a certeza de que ele estava. O que me chamava a atenção era uma menina da idade de minha filha, 5 anos, que estava ao lado da mãe, uma gringa, a menina estava sentada e a mãe a segurou com força pelo braço a puxando por estar me olhando, eu estava sorrindo para ela, ela se volta para a mesa e afina sua postura olhando para o horizonte… Resolvi ir embora, me despedi e fui para a um quiosque e pedi uma caipirinha, voltei para a porta do hotel e fiquei lá bebendo até as três da madruga sozinho. Depois de ficar chapado, tentei achar o hotel nas ruas do Rio, me perdi, nem me lembro a hora que eu consegui chegar.
No outro dia (dia do show) tomei um banho e voltei novamente para o Copa (foto acima), esperando o Fernando para mais informações sobre os ingressos. Fiquei lá o dia todo e nada, até que minhas amigas conseguiram a confirmação de nossos nomes e que poderíamos ir para o show. Haveria ingressos lá a nossa espera, mas e o quadro? “Eu vim aqui pra isso, não para o show, show eu haveria de assistir em São Paulo! Bom… eu levarei o quadro para o show, que se foda”, pensei, porém não poderia ir com ele antes dos portões abrirem, criaria tumulto sendo que muitos sabiam de minha intenção, tentariam pegar carona colando em mim e o que eu não queria era isso, tumulto, assim resolvi partir para o show oito da noite. Chegando lá, umas 21h30, com o show começando às 22h00 e o Axl chegando 00h00 (risos). Conseguimos os ingressos, PREMIUM “lol”, mas o quadro foi barrado, claro! Madeira, vidro… assim deixei no guarda volumes, mas a mina que guardava os “trecos” se apaixonou pelo quadro junto com o segurança e eu sabia que aquilo ajudaria. Entrei no show, tomei umas brejas, encontrei um dos responsáveis pelo Axl Rose – Fã Clube (Matheus Velloso), trocamos uma ideia, bebi umas, fui reconhecido por alguns, tirei fotos… o show demora pra começar, normal, bebo mais, até ter início… vejo o ruivão novamente, escuto somente a primeira música e já começo a pensar em algo. Não queria me deixar levar pela música, pelo evento, pela emoção. Como ‘O Impostor’, resolvo usar uma estratégia para chegar perto, começo a procurar a Beta no palco e a vejo no canto de minha direita do palco, sentada, dou a volta por um lugar onde não tinha como ver o show, tipo meio que atrás do palco e penso “ela vai passar por aqui uma hora”. Depois de umas cinco músicas (eu não assisti ao show, só ouvi) ela passa, eu grito e ela se assusta por eu estar ali, me reconhecendo: “Olá, você aqui, que legal!”, diz ela. “Beta, eu trouxe o quadro, mas está lá fora”, respondo (ela já me conhece e sabe de minha intenção). “Como assim lá fora?”, ela questiona e eu explico “no guarda volumes”.
Ela aciona os seguranças que me levam pra fora e me escoltam até dentro do HSBC Arena novamente. Os seguranças passavam meu desenho de mão em mão o admirando. Conquistando a confiança deles, com a admiração pelo meu trabalho, assim fiquei até o termino do show, com os seguranças, até que pedem para que todos saiam. O show havia acabado, os seguranças vieram levar o quadro, eu não aceitei e disse: “Como assim? Eu não vim de São Paulo até aqui para entregar o quadro sem eu estar junto! Sou o artista e quero dizer que fui eu quem o fez. Se for assim, pode deixar, eu levo o quadro de volta pra sampa… Muito obrigado!”
Saí do show e fui com o Matheus e seus amigos para fora da arena. Ele estava a espera de um possivel After Show e ficamos na espera. Eu já estava cansado e quase desistindo… “De novo, não aquento mais. Bato na porta e volto”, pensava, até que o Matheus, por não receber mais nenhuma informação sobre o after, acreditando que não rolaria mais, resolve ir embora. Encontro minhas amigas, Kate e Thuane, e ficamos na parte de fora do espaço esperando com mais uns dez fãs, até que o chefe de segurança me vê com o quadro e me chama de canto: “Eu irei procurar a Beta pra você , vou te ajudar, adorei seu trabalho, ele tem que ver isso.” Agradeci muito e fiquei ali esperando, até que ele volta e diz que estava tudo “ok”, que somente eu poderia entrar. Entrei e havia um after bem esquisito. Estávamos em pé em uma porta onde nos deram cerveja e, assim, os caras da banda passavam um a um por ali para irem embora. Os fãs tiraram fotos rápidas mas sem diálogo, um lance rápido, mas para eles era o céu, eu, porém, fiquei à distancia observando e não quis me aproximar. De repente, um segurança enorme vem agradecendo e mandando todo mundo embora. O Axl não receberia ninguém. Fui colocado pra fora, mas o segurança chefe me chama e pede para que eu volte, somente eu. Haviam quatro meninas que voltaram junto, tipo, começaram a encostar em mim, foi quando o grandão se arrepende e pede para TODOS sairem. Fiquei puto!!! Saí… pensei em ir embora, mas resolvi esperar mais um pouco e aquelas meninas em cima de mim lá fora, mas de longe vejo o irmão de Beta vindo a meu encontro e diz:
– O Axl vai te receber! Somente você! Mais ninguém!!! Porém, com uma condição… você topa?
– Claro!! Diga qual é?
– Você não poderá portar máquina fotográfica e nem celular. Terá que ficar comigo, ok?
– Claro! Sem problemas!
Gente, eu gostaria de deixar claro que eu NUNCA gostei deste mundo hipócrita de pessoinhas que vivem em porta de hotel, aeroportos, gastando o que não tem, vivendo em um mundo de fantasia por pessoas que simplesmente são famosas, SEM SEQUER SEREM FÃS, para assim ficarem popularzinhas no Facebook. Gente, eles tirarão foto com elas, depois de 1 segundo não se lembrarão quem são. Minha intenção é conhecer a formação original por SER FÃ, não para ficar popularzinho pelo motivo da foto com o cara, quero que eles se lembrem de mim quando me virem, o cara do desenho, quando meu quadro estiver na parede e eles se lembrarem de meu rosto, com meu nome cravado na parede deles. Ter minha arte reconhecida por eles igual eu fiz por eles, enfim… aceitei sem problema algum.
Ao caminhar até o local, disse ao Ricardo sobre seus pais, que eu havia entregue um quadro pessoalmente ao seu falecido pai e falei do meu pai também, nos emocionamos juntos no caminho até ele dizer: “É aqui… ele está aí neste camarim.” Escutei sua voz, a VOZ DO AXL, grave, rindo e contando uma história. Somente a voz dele ecoava pelo local, com risos de fundo. Parei, entrei em choque, pensei o quanto de tempo escutava aquela voz a minha vida inteira, entrei e vi a Beta que me abraçou com um sorriso, me perguntando se eu estava preparado. O Fernando também estava ao seu lado, ele estava com um sorriso radiante, sabia que eles estavam felizes por mim. Era um lugar escuro, tapete de um azul bem escuro quase preto, paredes vermelhas sangue, uma mesa redonda com copos com bebidas pela metade. Dou mais dois passos por este lugar e vejo o Axl…
Roupão azul celeste com flores brancas, descabelado, descalço, acredito que estava pelado (risos), acho que tinha acabado de sair do banho (assim entendo o motivo pelo qual não queria registrar o fato), ele olha para a Beta que estava de frente para ele, assim ele vira o olhar para mim sem virar a cabeça, sério, cara de poucos amigos, continuei ali parado, olhando para ele sério também, sem manifestar meu sentimento, não queria ‘tietar’ aos 39 anos. Enquanto a Beta falava com ele, ele olha para ela e vira o olhar para mim, em uma dança misteriosa e sinistra… e eu ali, parado, esperando a Beta dizer quem eu era. Depois que ela termina, ele pede para que eu chegue mais perto, mas continuei ali, olhando para ele, sem me ligar. Ele fala mais alto e faz um “puxar” com a mão e sorri para mim, aí sim eu sorri de volta e fui ao seu encontro e ele estende a mão primeiro, segura minha mão firme e agradece. A Beta começa a traduzir nosso diálogo: “É um prazer em conhecê-lo, Axl. Meu nome é Adriano.” Ele agradece. Já logo ergue o quadro e diz que adora aquela jaqueta que está vestindo no desenho… Continua olhando e observando cada detalhe, chega mais perto com a cabeça (acho que é porque estava sem óculos), então eu falo: “Muitos fãs brasileiros mandaram energias para esse momento acontecer…”, Beta traduzindo. “… Entrevistas foram datas, anunciaram no Axl Rose – Fã Clube do Facebook, comunidade do antigo falido orkut que na época havia mais de 300 mil membros…” Ele se admira e, com isso, eu me sentia simbolizando todos os fãs brasileiros, agradecendo com a minha arte a dele, que nos proporcionou tanta música de qualidade com seu talento: “De talento para talento… Obrigado!” Ele leva o quadro para o canto da parede, vem ao meu encontro, segura minha mão sobrepondo a outra, segurando assim minha mão com as suas duas, o que me emocionou muito, então dá um sorriso de lado, sem mostrar os dentes, agradece somente com a cabeça, como um cumprimento, segurando minha mão e fala para a Beta: “Depois me lembra de tirar uma foto com o quadro, farei uma nota agradecendo aos fãs brasileiros por isso.” Mas, nesse momento, eu com minha boca grande (risos), como sempre, digo: “Falta agora somente o Izzy Stradlin. Entreguei a todos os membros da formação original e…” Cria-se um desconforto no lugar. O Axl percebeu sem sequer a Beta traduzir e então percebo que falei merda. Esperando um esporro, ele pega no meu braço e solta uma gargalhada apontando para minha tattoo, disse que era “cool”. Pergunto se ele gostou e ele diz que “sim, claro”, mostrei a outra e ele então conta uma história, que o desenho daquela minha tattoo era de uma amigo dele de escola que desenhou em seu caderno e que ele prometeu que colocaria em um disco. Eu ri novamente e disse que não sabia daquilo. Assim, eu digo para a Beta: “Poxa Beta, não irei conseguir registrar este momento e muitos me chamarão de mentiroso. Posso te pedir um lance? poderia me arrumar uma caneta e pedir para o Axl escrever seu nome no meu braço? Assim eu faço uma tattoo.” Ela busca uma caneta e ele escreve seu nome em meu braço direito, pega em minha mão e agradece novamente. Percebo que é hora de ir embora. Vou até a porta, olho para traz e ele da um sorriso ,um “jóia” e mais um ‘thank you’.
Ao chegar do lado de fora do camarim, três seguranças aplaudem. Os fã lá fora sorrindo emocionados em não me ver com o quadro. Pego minha câmera e meu celular de volta, mostro a todos o meu autógrafo, mas aí escuto de fundo… Uma fã magrela que tirava foto até com os músicos que passam o som da banda, “ha, mas sem tirar foto eu recusaria…” Todos os FÃS se sentiram realizados por mim, menos aquelas idiotas que estavam ali para tirar ‘fotinha’. Bom, depois de mais de 25 anos acompanhando a banda, ter TODOS os discos comprados no ano de lançamento, ter visto eles em 94 e mais o restante de shows, acompanhado todos os acontecimentos da banda, o reconhecimento, ter admiração da parte dele por mim, estou muito feliz, de volta a minha verdadeira riqueza, minha esposa e filhos.
Para os que não acreditam no fato, fique para vocês a dúvida com a falta da foto, ou uma grande desculpa para não se conformar com minha felicidade e com o feito. A falta da foto.
Agradeço a Deus por preparar este momento (na minha vida tudo acontece por ordem dele) e pelas energias positivas, pela torcida… pelas mensagens de carinho, curtidas no youtube, tudo, tudo, mesmo…
Obrigado Brasil!
*Que venha o Izzy Stradlin em 2016!!
Aí sim…missão cumprida.
Até a próxima amigos Gunners!!
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
11 comentários
Eu já conhecia a história do Adriano Silva e torcia muito para que ele conseguisse realizar seu sonho. Fiquei emocionada, com a riqueza de detalhes que ele descreve sua luta para chegar até Axl Rose. Isso é que eu chamo de fâ de verdade! Parabéns Adriano Silva! Agora só falta mais um, e com certeza vc vai conseguir tbm. Fiquei mega emocinada…
Nossa…lindo mesmo o quadro e linda a sua historia…conforme li seu relato parecia que estava ouvindo a voz dele e vendo os gestos, olhar e sorriso….Parabéns!
Já conhecia sua peregrinação desde a comunidade do Guns no Orkut. Já tinha ficado emocionada com os seus relatos anteriores e com esse, nem se fala. Sou fã do Guns há 23 anos e assim como vc não desperdiçaria esse momento por causa de uma foto. Mas do que um fã que conseguiu entregar um presente e chegar tão perto do ídolo, vc é um artista que conseguiu divulgar a sua arte sobre um mito. Parabéns, espero que um dia vc consiga encontrar o Izzy, que na minha opinião é o mais difícil, mas não vai ser impossível. Eu e muitos outros fãs, estaremos torcendo por vc! Parabéns mais uma vez!
Lindo relato – e o quadro, maravilhoso! Quem é fã desde aquele tempo sabe que mais vale cinco minutos de conversa com as pessoas que te transformaram em quem você é hoje do que umas fotinhos pra postar no facebook. Adorei! Parabéns, Adriano!
Nossa que sonho!!! Parabéns pela conquista e pela sua arte!!! Eu queria viver isso…quem sabe um dia….Parabéns fiquei feliz por você!
Que história emocionante! Parabéns! Seu Trabalho é realmente Lindo,Perfeito!!!
Emocionante… bela persistência o quadro é lindo e o Axl deve ter amado.. A tatoo ficou demais ..
Hola, soy de Perú, con esfuerzo y ayuda del traductor pude leer tu historia y créeme que la viví hasta el punto de transportarme a través de ti en ese momento, es increíble, fue como ver a Axl yo mismo, me emocione hasta las lagrimas (bueno con dificultad pude contenerlas jaja). Guns n’ Roses tocaron en Lima el 25 de marzo de 2010, fue uno de los mejores dias de mi vida, simplemente inolvidable, y aunque la banda original no esta junta creo que la esencia de Guns n’ Roses se mantiene a través de Axl, quise seguirlo para siquiera tener un autógrafo y verlo mas de cerca pero tuve que elegir entre el aeropuerto el hotel y el show, espero regresen algún día, pero en tu relato reviví tantos sueños que tuve en el que me veía conversando con el sobre música, en fin fue increíble. Te felicito y agradezco el cumplir de algún modo el sueño de muchos fans y mio propio GRACIAS!!
parabéns cara eu imagino que dever tem sido emocionante esse encotro com o axl e tomara que vc conheça o izzy um dia!
Peraí, todo mundo anunciando o camarim preto inclusive mostrou no SBT e o cara fala que é vermelho? E em qualquer show, 5 mins após acabar já vem o cordão de isolamento dos seguranças que joga todo mundo pra fora, os quais nem querer saber de qualquer história. O Fernando também não é super disponível assim. Enfim, não é duvidar, mas sabe como é São Tomé. Espero que o Axl cumpra a promessa de tirar uma foto junto com o quadro.
Legal o relato. Parabéns pelo quadro e pelo encontro!