No começo de 2001, seguindo uma sequência de shows no fim de 2000 em Las Vegas e uma apresentação para quase 200 mil pessoas na terceira edição do Rock In Rio, W. AXL ROSE tirou férias pela América do Sul, passando pelas capitais da Argentina e do Chile.
Anunciara-se que ele só viajara para Buenos Aires para assistir a um show do músico canadense Neil Young numa quinta-feira, apesar de ele só ter chegado no sábado seguinte, quando fora avistado na casa noturna El Divino. Na segunda-feira à tarde, poucas horas antes de sua partida para Santiago, ele decidiu quebrar seu silêncio e ofereceu uma entrevista via fone para o dj Juan Di Natale da rádio FM portenha Rock & Pop.
O que segue abaixo é uma transcrição do áudio da conversa.
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DJ: Axl, aqui é JUAN, DJ, agradecemos por querer falar conosco, e esperamos que você esteja bem. Como vai?
Axl: Vou muito bem, obrigado.
DJ: O que o traz a Buenos Aires? Sua visita é uma surpresa, ninguém o esperava aqui nesse momento…
Axl: Eu queria tocar aqui. Eu queria tocar aqui e no Chile, mas não conseguimos, e já que eu estava no Brasil, no Rio, eu ainda queria vir pra Argentina, porque já fazia tanto tempo que não vinha desde a última vez, eu só queria vir pra sentir a Argentina.
DJ: E como você está sentindo a Argentina? É diferente de quando esteve aqui pela última vez?
Axl: Bem, as áreas que conhecemos estão bem mais desenvolvidas urbanisticamente. É divertido, é muito bom que as pessoas tenham sido tão boas comigo e eu anseio por poder trazer a nova banda aqui no próximo verão. Ou talvez no outono. No nosso outono, tipo Novembro.
DJ: Vimos o seu show no Rio e você conversou bastante com a plateia, o que achamos excelente, o que você sentiu depois de fazer aquela apresentação? Houve algo de especial naquilo?
Axl: O show todo foi muito especial, a plateia foi tão calorosa e acolhedora… em relação ao som e à música, tudo deu errado para a banda, mas foi um show muito empolgante para nós por sabermos que podemos dar um show tão grande e foi muito novo pra todo mundo, então foi algo muito grande e importante para nossa nova banda.
DJ: Foi uma grande decisão da sua parte se apresentar em um show tão grande com uma banda nova, algo lhe levou a optar por isso ou foi apenas algo que surgiu e você resolveu fazer efetivamente?
Axl: Bem, a América do Sul sempre foi… sempre teve um lugar no meu coração desde a primeira vez que vim pra cá, foi algo muito emocionante para o povo e para mim mesmo, pros meus empresários, poder tocar aqui e então foi uma honra poder tocar no Rio, quer dizer, não havia música nova, as pessoas não conheciam a banda, não era a banda antiga, e eles vieram mesmo assim, isso foi muito especial. E o show uniu a nova banda.
DJ: Axl, em todos esses anos durante os quais você ficou afastado, você pensou em voltar como artista solo, o projeto Axl Rose, e não novamente sob o nome Guns N’ Roses?
Axl: Algumas vezes, mas é mais importante seguir com a banda Guns N’ Roses e eu senti que o Guns N’ Roses tem um lugar importante no coração de muitos fãs e eu, particularmente, decidi tentar corresponder a isso, sabe, por eles. E tenho sorte em achar pessoas que gostariam de me ajudar a fazer isso.
DJ: Como foi ensinar a seus novos companheiros as antigas músicas do repertório do Guns N’ Roses?
Axl: Eles são verdadeiramente ‘Guns N’ Roses’ no sentido que, a princípio, eles não queriam tocá-las [risos].
Axl: Eles não queriam muito tocar as músicas antigas, porque eles têm identidade musical própria. Em outras palavras, eles tinham uma postura punk, tal qual o antigo Guns N’ Roses. Mas daí tornou-se divertido para eles, e eles começaram a gostar genuinamente das músicas, e eles gostam de fato de tocá-las. E o baixista, Tommy Stinson, se saiu muito bem liderando a banda nos ensaios para os shows de Las Vegas e do Rock In Rio.
DJ: Ficamos sabendo que o novo disco, ‘Chinese Democracy’, sai em junho, mas o que todos querem saber é a razão pela qual ele demorou tanto pra sair…
Axl: Estávamos compondo e gravando por vários anos, e houve mudanças na formação, e muitas mudanças nas gravadoras, e opiniões de muitas pessoas diferentes, e as gravadoras ficavam querendo ajudar a melhorar o disco, e toda vez que achávamos que tínhamos as músicas certas ou o disco certo, daí vinha alguém que achava ou dizia que poderíamos fazer melhor que aquilo, e daí começávamos do zero de novo. Então ficávamos colecionando músicas, e continuávamos gravando, e acho que, quando de fato lançarmos o disco, laçaremos algo do qual nós tenhamos muito orgulho e no qual tenhamos muita confiança, e daí também teremos várias músicas sobrando.
Axl: E mesmo agora, essa banda só tem tocado completamente junta faz apenas seis semanas, antes do Rio, e então ainda é muito novo pra eles tocarem juntos como uma banda de verdade, com Robin [Finck] e Bucket [Head]. Isso foi uma surpresa. Claro, pra mim, a decisão óbvia a se tomar, mas não foi algo pensado originalmente a ideia de ter três guitarristas.
DJ: Tem havido diversos boatos sobre seu novo material ser pesadamente voltado para o rock industrial e que é algo totalmente diferente do que fazia sua antiga banda, procede?
Axl: ‘Industrial’ não é o termo que defina o material, talvez [a faixa ‘Oh My God’], mas há algumas canções que não estão no álbum agora que podem ter se inclinado pra esse rumo. Haverá todos os tipos de estilos e muitas influências que… ainda há a influência do blues misturada nas músicas, mas não tanto quanto na pegada da obra do Aerosmith ou do AC/DC, o que foi usado tanto em ‘Appetite’, apesar de Buckethead, a primeira influência dele, a razão pela qual ele toca guitarra é por causa de Angus é por causa de Angus Young e o AC/DC. E esses dois caras curtem tocar AC/DC, só que queríamos tocar outros estilos, quando tentamos compor músicas no antigo estilo do Guns N’ Roses, por algum motivo, elas soavam muito datadas, não soava tão vivo, não conseguíamos fazer isso acontecer, e eu acho que isso também é verdade para o antigo Guns N’ Roses, qualquer uma das músicas que fora escrita pelos outros caras para um novo disco alguns anos atrás, tudo soava simplesmente datado demais, então tentamos explorar, para ficarmos vivos como banda.
DJ: Falando de Buckethead, teve fã no Rock In Rio que achou mesmo que ele era, na verdade, Slash disfarçado, você soube?
Axl: Muita gente achou isso, na internet, por vezes, há apostas na hipótese que ele seja na verdade Slash, eu acho engraçado. E isso foi antes de eu conhecer a Buckethead, as pessoas achavam que pudesse ser Slash por causa do cabelo e do visual.
DJ: Uma última pergunta, sabemos que está de férias e vamos te deixar ir. Como você se vê como músico e como performer agora, se comparado com o de dez anos atrás?
Axl: Hm… bem, eu acho que os shows de Vegas e do Rio foram muito importantes para nós, e como eu disse, tínhamos esperança de tocar em Buenos Aires e no Chile, mas eu sinto que nós não seremos exatamente uma banda de turnê até que chegue o verão, daqui a uns cinco meses porque isso é tudo novo para nós, e foi importante para pegar a energia e o entusiasmo para se fazer esse tipo de show, e fazer isso de novo foi muito difícil pra mim – emocional e mentalmente – querer tocar as músicas antigas, por causas dos tempos e experiências difíceis pelos quais passei com a banda antiga, e tocar essas músicas… mas os novos membros tornaram isso empolgante, e foi bom ir lá e tocar, mas vamos elaborar um show bem maior e estaremos melhor preparados. Acho que nos saímos bem no Rio e foi muito divertido, mas todos queremos estar muito mais preparados quando de fato sairmos em turnê. Isso permite à banda saber o que é que temos que fazer.
DJ: Axl, esperamos que curta suas férias aqui em Buenos Aires e estamos ansiosos para assistir ao seu show quando você voltar, e queremos saber se há alguma mensagem que você queira deixar a todos os seus fãs que estão nos ouvindo agora.
Axl: Eu só gostaria de dizer muito obrigado por todo o amor e apoio, eu sinto isso quando estou aqui, fico muito grato e apreciativo e mal posso esperar para poder vir tocar aqui, tem sido simplesmente demais estar aqui, muito obrigado.
DJ: Bye bye Axl, thank you!
Axl: Gracias!
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Retirado de: Whiplash
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
2 comentários
É o cara!!!
AXL ROSE deu a devida importância aos fãs mantendo a Banda. Se ELE tivesse seguido carreira solo todos teriam o seguido e as casas de show estariam cheias do mesmo jeito. Mas como ELE mesmo diz: O GN’R é ELE e ELE é o GN’R por isso para que uma carreira solo?