Leia abaixo a emocionante história do fã do GN’R, Davi Barros ao ir à um tão sonhado show da sua banda preferida.
07 de Março de 2010: Às 18h de Brasília estava eu saindo da Asa Norte em direção ao Ginásio Nilson Nelson.
As horas anteriores foram de pura ansiedade. Pra falar a verdade, os 4 meses anteriores foram de pura ansiedade. Ansiedade misturada com alegria desde o dia em que vi, na minha caixa de e-mail, a mensagem com uma foto de meu pai segurando um ingresso para o show da maior banda de hard rock da historia. Eu estava a poucos dias de realizar um sonho, senão o maior sonho da minha vida. Eu estava com um passaporte para o show do Guns N’ Roses. Nesse período de espera até o dia do show não conseguia fazer mais nada além de ouvir musica e imaginar como seria. O vestibular que eu ia fazer não importava mais, não queria mais saber se eu estava com a garota certa e muito menos se eu iria ter que trabalhar.
Não acredito que chegou a hora! Era um dos meus pensamentos no curto caminho que eu fazia em direção ao local do evento. Não estava nem prestando atenção no que meu pai falava, eu só conseguia pensar em uma coisa, Guns N’ Roses. Na entrada, mostrei meu ingresso com muito cuidado ao segurança (ingresso esse que só tinha passado por duas mãos, as minhas e as de meu pai. Quando peguei nele a primeira vez guardei-o no local mais seguro que consegui imaginar e só tirava de lá pra conferir e pra admirá-lo) e passei pelo primeiro portão. Um susto logo em seguida, quando o segurança que me revistou detectou uma câmera em meu bolso e falou, em um tom de decepção, “não leram atrás do ingresso”. A tensão aumentou quando o segurança falou que eu não poderia entrar com aquela câmera, porém o mesmo segurança me acalmou indicando que eu deixasse a câmera na guarita da policia. Assim fiz e voltei para novamente ser revistado e, agora sim, poder ir para o portão de entrada da Pista Premium. Dessa vez foi mais tranquilo, apenas destacaram o código do meu ingresso e desejaram-me um bom show.
Passando pelos corredores vi alguns seguranças diferentes, percebi que não eram brasileiros. Eram ‘o pessoal do Axl’, foi o que disse um dois caras que estavam terminando os ajustes próximo ao palco. Enquanto ia me aproximando devagar, para ver tudo o que estava em minha volta, passavam alguns caras bem mais velhos que eu, eufóricos e mostrando que não era só eu que estava ali realizando um sonho. Pisando naquele chão azulado do ginásio, vi os que estavam na grade do palco desde a hora que os portões se abriram, olhei para as arquibancadas cheias de bandeiras e fãs de uma banda que sempre mexeu com eles. Nesse momento toda insegurança de não dar certo tinha ido embora, a única coisa que eu pedia era: “Que comece logo e que o Axl esteja disposto a não atrasar.” Olhei para meu velho relógio, que também foi um presente do meu pai e ainda marcavam 19h e 12min. Ainda era muito cedo e pra min já tinham se passado varias horas.
Marcado para as 8h e 30min, eu estava na espera, de pé em frente ao local principal do show lutando para ficar ali até a hora do show. De repente lembrei-me que estava com um problema. “como vou fazer pra tirar foto aqui dentro?”. Olhei em minha volta e varias pessoas portavam câmeras. Até que vi um cara de aparência confiável mexendo em uma dessas câmeras digitais. Me aproximei e iniciei uma pequena conversa.
– E aê cara beleza ?
– Beleza ‘máh’, e contigo tudo de boa ?
Quando ele falou a expressão ‘máh’ só me veio em mente uma pergunta. De onde esse cara é?
– E ai tu é de onde parceiro?
– Sou de Camocim-CE
– Serio cara ? Que massa, também moro no Ceará. Sou de Madalena, conhece?
– Não, conheço não.
– Então cara, barraram minha câmera e tipo, eu queria tirar umas fotos. Pode tirar umas fotos com sua câmera e depois a gente da um jeito de você passar as fotos pra mim?
– Da sim cara, é de boa.
Com o problema parcialmente resolvido fiquei mais tranquilo. Até que me lembrei de perguntar o nome do garoto que usava cabelo moicano e usava uma blusa do Guns. Pessoas usavam camisas com o nome Guns N’ Roses a toda parte, inclusive eu. Assim como o ingresso minha camisa tinha toda uma historia, pois fora comprada meses antes do show e guardada para ser usada apenas no grande dia.
– Ei cara, qual teu nome?
– Ítalo, e o teu?
– Davi.
Conversamos um pouco mais sobre Brasília e sobre o Ceará, até que mais uns caras se aproximaram para também tirar fotos. Tiramos algumas fotos com umas bandeiras de umas turmas que iam se formando. Até esse momento a raiva por não ter conseguido entrar com câmera não tinha sido tão grande, mas na hora que vejo um cara se aproximando com duas palmilhas na mão, em seguida se agachando , tirando o tênis e tirando uma câmera de dentro do tênis, senti uma coisa parecida com: “droga, por que eu num pensei nisso também?”. Não me lamentei muito, estava muito feliz para ficar puto com uma besteira daquelas.
Estava formado o nosso pequeno grupo. O grupo, onde um cara tinha câmera e os outros iam usar da boa fé dele para conseguir fotos.
Conversas rolaram até as luzes do palco se apagarem a primeira vez as 8h. Todos se animaram, porém sabiam que o Ruivão só iria subir no palco depois que seu velho amigo Sebastian Bach se apresentasse. Começa a apresentação da banda local. A banda Kalice fez uma boa performance, apesar de eu ter acabado de conhecer a banda achei que eles mandaram bem.
Observando o palco enquanto o pessoal do Axl o preparava para o Sebastian, vi que o banner do CD novo de sua banda era apenas um fundo falso para esconder parte do palco do Guns. Então imaginei que show iria começar no tempo previsto, já que não iriam precisar preparar o palco novamente para a apresentação da atração principal.
A verdadeira voz do Skid Row animou a galera por pouco mais de uma hora. Quando Sebastian estava terminando sua apresentação, revelou ao publico que Axl já se encontrava no camarim dele.
Todos ficaram animados, pois ainda não passava das 10h e a banda já estava no ginásio. O tempo foi passando, até que eu me rendi junto com varias outras pessoas e resolvi sentar no chão azulado do ginásio. Naquele momento percebi que eu estava enganado e que o show não iria começar no tempo previsto, e sim com um belo atraso.
Por volta das 11h e 50min segui os passos de meus companheiros e levantei. Já passavam mais de 2h de espera. Nesse meio tempo garrafas foram atiradas ao palco e até um ladrão de celular foi preso e retirado do show.
A 00h e 7min do dia 8 de março de 2010 as luzes do ginásio se apagam. Começam leves efeitos de luz vermelha. O falso fundo some e os telões na laterais e fundo do palco começam a exibir o nome Guns N’ Roses. Estava começando para muitos um show, pra min, assim também como para muitos ali, um sonho.
Os acordes de Chinese Democracy começaram a ser tocados e foi impossível não gritar e pular quando o solo vocal do Ruivão começou. Chinese Democracy foi bem tocada e bem aceita até pelos fãs mais velhos que não sabiam nada sobre o novo CD. Em seguida com as luzes novamente apagadas, começa a introdução de Welcome to the jungle, o que levou eu e as outras 15mil pessoas a loucura, cantando a musica do inicio ao fim. Nesse momento eu já não tinha mais noção de nada. Eu conseguia apenas cantar o refrão de It’s So Easy, encarando aquele lunático do caralho. Ao terminar a musica Axl parou e foi em direção a um dos muitos objetos jogado no palco. Agachou-se pegando aquele generoso baseado de maconha, olhou para o palco e falou “no no no, it’s not children”, fez uma pequena pausa enquanto analisava o objeto, e disse: “Thanks haha” saindo em direção ao camarim. De volta ao palco nos presenteou com Mr. Bownstone.
Voltando ao disco Chinesse Democracy, Sorry foi a musica que me fez ver como o Axl conseguiu levar a banda a um caminho diferente do que o Guns já foi, e ainda continuar sendo foda. Ao som de Better eu via aquele olhar azul percorrendo as pessoas próximas ao palco, mostrando que sim, ainda é o Axl Fucking Rose.
Richard Fortus começa seu solo e eu admirei seu talento. Apesar de na época eu já conhecer guitarristas melhores que ele, sabia que ele se esforçava e estava dando o seu melhor, assim como nos shows anteriores. Ao fim do solo começa o cover de Live and let die, agora com o Ruivão vestindo outra roupa. Cantamos, quase que em coro, toda a musica. Em seguida ao som de If the world vimos o Ruivão cantar mostrando a mesma empolgação de sempre, porém sofrendo um pouco com os efeitos do tempo.
Mr. Axl começa Rocket Queen e eu nesses momentos já estava pensando comigo mesmo. “Eu não acredito que eu consegui. Eu tô no show do Guns N’ Roses caralho!”. Se inicia o solo do Sr. Dizzy Reed e como era de se esperar Street Of Dreams seria a próxima musica. Nessa musica percebi que eu estava um pouco afastado do meu grupo devido a agitação da galera. Então resolvi voltar para perto deles. Mal sabia que estava fazendo a coisa certa. Ao som de Scrapped vi um Axl animado e indo ao camarim ao fim da musica.
A luzes se apagam e o Ashba vai para a parte principal do palco. Ascende um cigarro e começa seu solo. Nesse momento, vendo aquela guitarra brilhante modelo Gibson Les Paul, me preparei para uma das melhores partes do show.
Sweet Child O’ Mine começa com o Ashba, em seguida o Ruivão entra cena para se deparar com um publico que não conseguia parar de pular. Aqueles acordes iniciais foram esperados por muitos ali presentes. Com certeza um dos momentos mais eufóricos de todo o show. 15 mil pessoas cantando junto com ele o maior sucesso da banda. Confesso que nessa hora a emoção tomou conta de mim a ponto de eu apenas conseguir pular, cantar, olhar e conseguir sentir aquela sensação de auto realização, sabendo da importância daquele momento único, e eu estava aproveitando da melhor maneira possível.
Com uma voz diferente dos velhos tempos de formação clássica, Sweet Child O’ Mine ainda sim é um Hino cantado por Axl. Mas em seguida foi impossível não lembrar do filme “O Exterminador do Futuro 2”. Sim fomos presentados com You Could Be Mine. A essas horas eu já estava exausto, porém não consegui ficar parado no meio daqueles Gunners em êxtase. Lembro-me das armas que passavam no telão enquanto eu pulava e via Axl em uma performance longe de ser perfeita, porém muito empolgante.
Como eu imaginava o piano iria surgir de algum lugar. Na parte mais alta do palco, existia uma base com a logo da banda. E foi de lá que o piano veio e se localizou no centro do palco. Quando isso aconteceu foi impossível não lembrar de November Rain. Axl senta, bebe um energético, olha para o publico, ajusta o microfone e inicia um pequeno solo. A partir da li sabíamos que ‘a chuva de novembro’ seria sim tocada no quente 7 de março. Assim se fez. Ao fim do seu pequeno solo, as luzes diminuíram. Estava iniciando November Rain, para mais uma vez cantarmos do começo ao fim. Seguiu-se com o solo do Bumblefoot que terminou com a introdução de Knockin’ On Havens Door. Todos vimos a bela performance de Axl cantando a musica do velho Bob Dylan.
Depois desse brinde de clássicos, voltamos com Shackler’s Revenge. Mostramos ao Axl que não somos fãs só de clássicos e agitamos nessa musica, que é uma das melhores faixas do disco novo da banda. Vimos uma pequena pausa para água. Axl volta, alguns acorde ao um som parecido com de violão, ele começa a assoviar. Assoviamos juntos com o Ruivão a introdução de Patience para em seguida cantar mais um clássico. Axl vai novamente ao camarim para voltar com muita animação para cantar Night Train. Axl não podia encerrar o show sem antes tocar a uma das musicas mais conhecidas do álbum novo. Madagascar foi bem tocada e muito bem cantada. Axl mais uma vez mostrou que continua foda.
A musica para. Seria o fim do show? Madagascar não seria o fim do espetáculo. Axl volta para apresentar a banda e tocar Paradise City. Os fãs da grade se preparam para a surpresa feita para o Guns N’ Roses. Axl começa a cantar no centro do palco. Até a introdução cantava a musica esboçando um leve cansaço, até que ao usar o apito, clássico efeito na musica, e depois jogá-lo para que os fãs o pegassem, se deparou com uma surpresa. Durante a musica estendeu-se uma bandeira que cobria quase toda a pista Premium. Na bandeira uma das marcas da banda com a frase “Welcome to the real jungle”. Foi possível ver quando a bandeira desapareceu a expressão de Axl olhando para Bumblefoot enquanto Ashba solava. Em uma ou duas palavras trocadas com Bumblefoot, Axl deixou escapar um “Oh Shit” quando estava se aproximando do companheiro de banda. A reação de espanto e agradecimento foi notável. Todos percebemos que continuaram tocando, porém muito mais empolgados.
Aquela altura eu já estava cansado e apenas via apresentação do local estratégico, escolhido antes mesmo do show começar. Bem de frente com o centro do palco. Estava calado, vendo a musica chegando ao fim assim como meu sonho. Eu já me encontrava mais que satisfeito. Mas os momentos seguintes seriam de uma adrenalina mesclada com medo e indignação.
Depois da surpresa, Mr. Axl cantou os últimos versos de Paradise City com muita empolgação. Ao terminar os últimos versos ainda ao som da parte final da musica, Axl lançou o microfone ao publico. Vi aquele microfone vindo mais ou menos onde eu estava e sem nem imaginar, apenas levantei a mão olhando para cima. Com a mão aberta vi aquele objeto vermelho e preto cair na palma da minha mão. Foram as frações de segundo mais felizes de todo os show. Em seguida senti o impacto na minha direita, seguido de um soco nas costas e uma rasteira. Eu estava no chão, já sem o microfone, porém ainda levando joelhadas. Tentei me proteger e quando vi uma chance levantei e gritei, “Eu não estou com o microfone porra!”. Me posiciono novamente olhando para o palco. Axl estava a jogar flores para os fãs da grade. Se reuniu no centro do palco com toda a banda, pediu desculpas pelo atraso, agradeceu ao publico e se despediu dizendo: “I know that many are here and have a test tomorrow. It’s time to go home children. thank you very much”.
Fiquei olhando saírem do palco um a um. Quando não havia mais nenhum integrante da banda no palco continuei olhando para lá. Mil coisas passavam na minha mente, entre elas uma frase se repetia aleatoriamente. “Eu consegui! Eu estive em um show do Guns N’ Roses.”. Lembrei-me da minha pequena cidade, de quando eu ouvi Guns a primeira vez. Lembrei do meu amigo e vizinho que ouvia a musica Patience com frequência e tentávamos assoviar igual a musica. Lembrei de quando comprei o primeiro CD do Guns. Lembrei do que o Axl e banda representava pra mim, apenas mais um fã realizando um sonho.
Continuei naquele momento de transe por alguns minutos, até que Ítalo e o restante da galera que conheci no inicio do show vieram se despedir de mim. Os cumprimentei, falei para o Ítalo que nos víamos em outro show por ai e que eu pegaria as fotos por e-mail. Eles saíram, olhei mais uma vez para o palco, agora já tomado pela equipe que cuidava dos equipamentos de som. O ginásio se encontrava quase vazio. Criei coragem e me direcionei a saída, com uma cabeça baixa. Estava feliz e com uma leve sensação de tristeza por ter acabado. Depois daquele show eu nunca fui mais o mesmo, algo dentro de mim mudou. É como eu tivesse chegado a mais um nível, como se a realização de um sonho tive me tornado um pouco melhor.
Sai do ginásio, peguei minha câmera na guarita dos policiais. Liguei para meu pai e perguntei onde ele estava. Fui até onde ele estava, entrei no carro e por uns instantes olhei para ele com um orgulho tremendo. Aquela sensação não era apenas de ter conseguido realizar um sonho, e sim de ter aquele cara como pai. Quando ele me perguntou “E ai filhão como foi? Gostou?”, só consegui responder “Obrigado Pai”. Ele não entendeu. Passou a mão na minha cabeça e viu que eu estava muito feliz que não conseguia nem falar, apenas olhava para o céu pela janela do carro. Até que instantes depois falou “Vamo filhão, já é tarde”. Passavam das 3h 45min de 8 de março de 2010. Chegamos em casa e eu deitei no sofá. Estava exausto porém realizado. Fiquei olhando um para folhas das arvores na janela. Levantei, fui até a janela e fiquei a admirar o resto da madrugada mais feliz da minha vida. Vi o sol nascer com lembranças das ultimas horas. Voltei a me deitar no sofá ainda pensando, “Eu consegui! Eu fui no show do Guns N’ Roses”.
História de: Davi Barros
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
3 comentários
Nossa !!!Muito emocionante!!!Ir a um show do Guns N roses,ver o Axl de perto ‘e de arrepiar!!Parab’ens !!
Em 2010 eu também estava lá em Brasília, realizando o maior sonho da minha vida! Esse ano vou tentar ir de novo e irei a Brasília todas as vezes que o Guns fizer um show lá!
Galera vamos tentar descobrir em que hotel eles vão ficar aqui em brasilia.
Por favor se souberem mandem no meu e-mail