Gilby Clarke chegou ao Guns N’ Roses no fim de 1991 com uma função ingrata: substituir Izzy Stradlin, que havia deixado a banda em meio à turnê dos álbuns “Use Your Illusion”. Stradlin é mencionado como um dos principais compositores dos discos clássicos da banda.
No fim das contas, Clarke não teve a oportunidade de mostrar sua criatividade em estúdio. Com a banda, ele gravou apenas o álbum de covers “The Spaghetti Incident?” (1993), além dos registros ao vivo “Use Your Illusion World Tour 1992 in Tokyo” (1992) e, parcialmente, “Live Era ’87-’93” (1999).
Considerando que não é possível comparar Izzy e Gilby de forma completa no Guns N’ Roses, dá para traçar um paralelo entre os dois em cima do palco. Foi o que Clarke fez, em recente entrevista à Guitar World.
Inicialmente, o músico comentou sobre a química que seu antecessor tinha com Slash, responsável pela guitarra solo do Guns N’ Roses. “Eu adorava o que Izzy e Slash fizeram, especialmente em ‘Appetite for Destruction’ (1987). Eles tocavam um para o outro, se completavam. Era como o Aerosmith, que é uma versão mais alta dos Rolling Stones”, afirmou.
Em seguida, foi feita a comparação entre os dois estilos de se tocar ao vivo. “Eu tentava pegar o que Izzy começou e apenas acrescentar algo àquilo. Eu não uso tanto ganho na distorção como Slash, mas eu utilizava mais ganho do que Izzy”, disse Clarke, comentando que sua guitarra, nos shows, soava um pouco mais pesada que a de Stradlin.
Ainda durante o bate-papo, Gilby destacou que a evolução de Slash naqueles tempos era perceptível. “Slash evoluiu muito desde o ‘Appetite’ até o início da turnê dos ‘Illusion’. Ele deixava uma guitarra no quarto de hotel e ficava praticando sempre”, afirmou.
Ele pontuou, ainda, que os tempos de farra não representavam falta de musicalidade e técnica por parte do Guns N’ Roses. “Havia muita festa rolando nos shows e nós estávamos aproveitando o que estava ali, mas uma coisa sobre a banda era que todos levavam a música muito a sério. Ninguém queria decepcionar o outro”, disse.
Por fim, Gilby Clarke citou que o Guns N’ Roses era “obviamente a banda de Axl (Rose, vocalista) e Slash”, mas “ainda passava a sensação de que era uma banda”. “Slash me perguntava o que eu achava de algumas coisas, assim como Axl. Eu sabia meu lugar e sabia que estava há pouco tempo na formação, mas realmente parecia que também era a minha banda”, concluiu.