Em entrevista à Guitar World, Slash rompeu o silêncio sobre os bastidores de sua volta ao Guns N’ Roses, explicou por que alterou trechos do solo de “Sweet Child O’ Mine” e revelou o que realmente existe — e o que ainda falta — para a banda lançar um novo álbum.
O guitarrista da cartola também detalhou sua relação com Richard Fortus e comentou a ausência de Izzy Stradlin na formação atual.
Sobre a volta ao Guns N’ Roses
Sem medir palavras, Slash revisitou sua inesperada reunião com o Guns após quase duas décadas distante. O guitarrista contou que o reencontro com Axl Rose começou de forma despretensiosa, motivado apenas por um convite para o Coachella. “Quando voltei a me envolver, foi só para fazer alguns shows. A gente recebeu a proposta e o Axl perguntou: ‘Você quer fazer?’ Eu disse: ‘Sim, seria divertido’”, relembra.
O guitarrista admite que não imaginava que a parceria se estenderia por tantos anos. “É realmente impressionante que tudo isso tenha acontecido”, afirmou, destacando uma relação hoje bem diferente do conturbado passado. Ao analisar por que a química interna da banda está mais sólida, Slash foi direto: “Acho que muitos dos problemas que enfrentamos nos anos 90 tinham a ver com gestão e coisas que me colocavam em lados opostos ao Axl”, consluiu.
Segundo ele, a maturidade — e o fim dos excessos — foram determinantes para o clima atual. “É uma combinação perfeita de várias coisas”, resumiu.
Mudanças no solo de “Sweet Child O’ Mine”
Slash também comentou sua relação com o solo mais famoso da carreira. O guitarrista admite que, no início, não simpatizava tanto com a música: “Eu tinha uma certa obsessão por ela… Não sabia o que ia fazer com aquele riff”, brincou. Hoje, ele reconhece o impacto do hit que impulsionou o Guns N’ Roses ao estrelato.
O músico explicou que tenta manter o solo fiel ao original — mesmo que a espontaneidade faça parte de sua forma de tocar. “É estranho quando eu mudo alguma coisa. Sei que as pessoas ficam decepcionadas se não toco do jeito que elas estão acostumadas”, revelou. Ele descreve isso como “uma faca de dois gumes”: solos icônicos criam identidade, mas limitam improvisos.
Ainda assim, admite que, vez ou outra, a performance pode escapar do script: “Se eu arrebento uma corda e tenho que mudar alguma coisa na hora, não tem jeito.”
Perspectivas sobre o novo disco da banda
Quanto ao aguardado novo disco do Guns N’ Roses, Slash adota cautela. Apesar de confirmar que há muito material pronto, ele reforça que o processo criativo da banda nunca foi previsível. “Você nunca pode planejar com antecedência. Toda vez que tentamos marcar um período para trabalhar, dá errado”, confessou.
O guitarrista explicou que a banda funciona por explosões espontâneas de inspiração. “Acontece de repente, e aí tudo entra em movimento. Vai acontecer. Todo mundo está pensando nisso”, garantiu. Questionado se existe uma previsão, disse que não: “Vai acontecer quando tiver que acontecer”, teorizou.
Os parceiros de guitarra no Guns
Slash também falou sobre sua relação com os guitarristas que passaram pela banda durante sua ausência. Ele destacou especialmente Richard Fortus, com quem toca desde seu retorno. “O Richard é um guitarrista completo. Adoro trabalhar com ele”, afirmou. Slash lembrou que, entre todos os músicos que ocuparam sua função — de Buckethead a Bumblefoot — Fortus era o único com quem ele já tinha colaborado antes.
A volta de Izzy Stradlin chegou a ser considerada, mas não avançou. “Izzy é muito recluso. É difícil imaginá-lo fazendo tantos shows nessa escala”, comentou. Sobre a possibilidade de reintegrá-lo nos ensaios iniciais da turnê Not in This Lifetime, Slash foi sincero: “Não sei onde ele se encaixaria naquele momento. Nunca tivemos a chance de tocar juntos de novo”, finalizou.
Ao falar da convivência atual no palco, Slash ressaltou que a parceria com Fortus evoluiu para improvisações mais estruturadas — principalmente em “Rocket Queen”. “A gente simplesmente se joga no improviso e vê o que acontece”, contou.



