A banda que abriu para o Guns N’ Roses, se chocou com o que viu e se arrependeu de aceitar

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A banda que abriu para o Guns N' Roses, se chocou com o que viu e se arrependeu de aceitar

No começo dos anos 90, quem aceitasse um convite para abrir os shows do Guns N’ Roses ganhava, de brinde, palcos lotados, imprensa em cima e a chance de fazer o próprio nome explodir. Para uma banda jovem e barulhenta de Seattle, parecia o passaporte perfeito para sair dos clubes alternativos e encarar plateias imensas. Mas a realidade do camarim era outra, e isso deixou um gosto amargo que duraria pra sempre.

O Soundgarden já vinha com moral depois do álbum “Badmotorfinger”, mas não estava pronto para mergulhar no universo de excessos, seguranças particulares e atrasos lendários que rondavam Axl, Slash e companhia na Use Your Illusion Tour. Logo de cara, o entusiasmo do empresário bateu de frente com o silêncio dos músicos. Um deles só quis saber o que tinha na caixa de camisetas que a empresária levava – o resto do anúncio morreu ali mesmo.

Para Ben Shepherd, baixista da banda, dividir palco com o Guns era um choque de mundos. “Eu sou punk, cara. Gosto de Black Flag, de coisa pesada. Esse lance de rock farofa não é pra mim. Eu não sou estrela do rock, não gosto de estrelas do rock e não quero estar perto delas… era uma extravagância total. Eu nunca quis tocar em estádio. E lá estávamos nós, cercados pelos mesmos tipos de gente que, quando eu era punk, queriam me bater. Eu tinha uma animosidade enorme por aqueles fãs”, disparou ele anos depois para a Classic Rock.

O baterista Matt Cameron também saiu da turnê com lições sobre tudo o que não queria copiar. Cada integrante do Guns tinha um segurança próprio, todos viviam no modo festa infinita e, para fechar o pacote, Axl decidia na hora quando ia subir ao palco – o atraso padrão era de uma ou duas horas. Cameron lembrou de uma noite em que ouviram que Axl ameaçava encerrar o show na frente de todo mundo. O medo era de confusão generalizada, e o Soundgarden teve que sair de fininho pra não virar alvo.

Chris Cornell, na época, ficou especialmente abatido ao ver o Guns no auge, mas atolado em caos. “Sem falar nada de ruim sobre o Axl, o que mais lembro é que o Duff, o Slash e o resto eram caras legais, pé no chão, só queriam tocar rock. Mas parecia que tinha um Mágico de Oz escondido atrás da cortina, complicando tudo. Eles eram a maior banda do planeta, tinham tudo pra só tocar e fazer o público feliz. E mesmo assim sempre tinha algum rolo acontecendo. Isso era triste”, contou Cornell.

No fim, o apelido que o staff do Guns deu aos grunge de Seattle resumiu tudo: Frowngarden (algo tipo “jardim carrancudo”). Ben Shepherd não negou: “Chamaram a gente assim porque não éramos festeiros, não éramos estrelas de rock. Não estávamos ali por modelos e cocaína. Estávamos ali pra tocar alto e esmagar seus tímpanos.”

Para o Guns N’ Roses, foi só mais uma turnê gigantesca. Para o Soundgarden, um lembrete eterno de que, para quem ama a música, não existe palco grande o bastante que compense viver um circo fora de controle. E se Axl ainda era fã, eles preferiram seguir seu próprio caminho, mas bem longe da confusão.

Retirado de Whiplash

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