O fotógrafo Marc Canter, amigo de longa data de Slash e autor do “Reckless Road: Guns N’ Roses and the Making of Appetite for Destruction”, livro fotográfico que retrata os anos iniciais do Guns N’ Roses, contou em entrevista ao Vinyl Writer Music o que aconteceu exatamente em 1982 quando o Kiss procurava alguém para ocupar o lugar de Ace Frehley, e um muito jovem Saul Hudson chegou a pensar em ocupar a vaga.
“Slash mal se lembra disso”, relata Marc. “Estive com ele há algumas semanas, e primeiro ele afirmou que não se lembrava, mas então disse que se lembra vagamente. Paul Stanley ligou para Slash quando ele tinha dezessete anos e o entrevistou para ver se ele poderia se juntar ao Kiss quando Ace Frehley saiu. Mas Paul nem sabe disso, porque tudo que Paul sabe é que ele ligou para um garoto; ele não tinha ideia de que o garoto era Saul Hudson”, explica Marc.
E como ele conseguiu esse número? Acontece que Slash estava trabalhando em uma loja de música de Hollywood, e o proprietário sabia que quando não tinha ninguém na loja, Slash plugava a guitarra e mandava ver, e notou que ele era muito talentoso. Daí quando o proprietário da loja ficou sabendo que o Kiss estava procurando um guitarrista ele recomendou o Slash. “Então, Paul Stanley ligou para ele, mas sabendo que ele tinha apenas dezessete anos, poderia ser um problema legal. Não estou dizendo que não existem músicos menores de idade, mas fazer uma turnê com o Kiss pode ser um risco. Você não sabe o que pode acontecer com um garoto de dezessete anos”, conta Marc.
“Slash convenceu na conversa por telefone, mas nunca chegou a tocar efetivamente com a banda. Ele não chegou ao ponto de ir e tocar alguma coisa com eles pra ver como ficava. Se isso tivesse acontecido, o Slash teria conseguido a vaga no Kiss e talvez o Guns N’ Roses nunca tivesse acontecido”, diz Marc. “Paul Stanley perguntou ‘Você vai poder sair em turnê? Seus pais ficam de boa com isso? Você pode participar de gravações?’. Paul fez as perguntas certas, mas nunca avançaram para o próximo nível e Vinnie Vincent ficou com a vaga, assim foram as coisas. Há histórias assim que se perderam e nunca se transformaram em nada”.
Uma matéria de 2014 relata que, ao contrário do que diz Marc, Paul Stanley sabia muito bem com quem estava falando, conforme consta no relato publicado em sua biografia “Face The Music: A Life Exposed”.
“Outra pessoa com a qual conversei foi um jovem muito meigo chamado Saul Hudson. Ele me disse que sua mãe havia sido costureira de David Bowie e que seus amigos o chamavam de ‘Slash’. Ele era muito eloquente e envolvente, mas parecia ser jovem demais. Eu finalmente perguntei a ele qual sua idade. ‘Faço dezessete mês que vem’, ele disse. Eu tinha feito trinta anos no começo daquele ano, e Gene tinha duas vezes a idade daquele garoto. ‘Sabe’, eu disse, ‘você parece ser um grande sujeito, mas eu acho que você é jovem demais pra isso’. E lhe desejei boa sorte e sempre me lembrei dele porque ele era tão gentil e seguro”.