Até a reunião concretizada no Guns N’ Roses em 2016, o caminho que conectava Axl Rose e Slash era cheio de barreiras. Uma das últimas duplas icônicas de vocalista e guitarrista do rock não conseguia se acertar nem para, ao menos, viver em paz, mesmo que distantes. Um exemplo ocorreu quando o cantor foi processado pelo antigo colega e o baixista Duff McKagan em 2006, por conta de questões ligadas a direitos autorais.
Foi o suficiente para Axl Rose enviar uma manifestação à imprensa acusando Slash de falar mal de seus então colegas no Velvet Revolver pelas costas. A nota assinada por Howard Weitzman, advogado de Rose, revela que o guitarrista apareceu na casa do frontman para fazer as pazes. Uma vez dentro da propriedade, começou a soltar o verbo em relação aos companheiros. Conforme relatado pela MTV e resgatado pelo Rock Celebrities, a declaração dizia:
“Slash foi informar que: ‘Duff era covarde’, ‘Scott Weiland era uma fraude’, que ele ‘odeia Matt Sorum’ e que nesta guerra em curso, competição ou o que alguém quiser chamar, travada por quase 20 anos, Axl provou ser ‘o mais forte’. Axl lamenta ter que gastar tempo e energia com essas distrações, mas ele tem a responsabilidade de proteger o legado do Guns N’ Roses e expor a verdade.”
Embora tenha negado o conteúdo, Slash admitiu em sua autobiografia de 2007 que visitou a casa de Rose para fazer as pazes com ele, mas não teve a chance de conversar.
A raivosa carta aberta de Scott Weiland
Por outro lado, Scott Weiland deu uma resposta bastante contundente a essas acusações. Em carta aberta no site do Velvet Revolver, o vocalista criticou Axl Rose sem economizar nas palavras.
“Entre no ringue (referência a ‘Get in the Ring’, música do Guns) ou vá para a academia filho da p&ta, ou se preferir, pegue uma nova peruca filho da p%ta. Acho que vou resistir ao desejo de me rebaixar ao seu nível. Oh m#rda, aí vem: seu gordo com cara de botox e peruca, vá se f0der!
Ok. Eu me sinto melhor agora. Não pense por um segundo que não sabemos de onde essas palavras vieram. Sua pequena mente sem originalidade e sem criatividade, a mesma mente que teve que confiar em seus companheiros de banda para compor melodias e letras. Quem é a fraude agora, v@dia?
Eu não conseguiria imaginar as pessoas compondo para mim. Quantos álbuns você lançou, cara, e quanto tempo levou a formação atual dessa chamada banda para fazer esse álbum? Quanto tempo? E sem os únicos caras que validaram o nome. Como você ousa? Você devia se envergonhar! Como você ousa chamar nosso baixista de covarde?
Fizemos uma turnê com nosso primeiro álbum por mais de um ano e meio. Quantos shows você fez nos últimos dez anos? Ah, isso mesmo – você desistiu de sua tão esperada turnê de retorno, deixando seus fãs restantes se sentindo, digamos, um pouco irritados?! Nem vou listar o que consegui porque não preciso.
O que estamos falando aqui é de um homenzinho assustado que uma vez pensou que era rei, mas, infelizmente, esse rei sem sua corte não é nada além de uma memória do idiota que ele já foi.”
Guns N’ Roses e Velvet Revolver
À época, o Guns N’ Roses ainda trabalhava em “Chinese Democracy”, que só sairia dois anos mais tarde. Quando o álbum foi lançado, o Velvet Revolver sequer existia mais, acabando meses antes, logo depois de lançar e promover o segundo disco.
Em entrevista ao Loudwire, Slash confirmou as dificuldades que a banda teve com Scott Weiland, morto em 2015.
“Duff e eu recém havíamos saído da desintoxicação. Achávamos que poderíamos ajudá-lo a ficar limpo. Mas encontramos um comportamento incontrolável de diva, aquelas coisas de rockstar. Faltando cinco minutos para o show não conseguíamos encontrá-lo, atitudes clássicas. Ele era uma bagunça humana, mas sendo justo, fizemos grandes canções juntos.”
Apesar das más lembranças, Slash, Duff e o Guns N’ Roses não deixam de homenagear Scott e o Velvet Revolver. Em alguns shows da Not in This Lifetime Tour, a banda incluiu a música “Slither” no setlist.