O guitarrista Gilby Clarke se juntou ao Guns N’ Roses, no fim de 1991, para ocupar a vaga deixada por Izzy Stradlin. E por qual motivo Izzy deixou uma banda que estava no auge de seu sucesso?
Em entrevista ao canal The SDR Show, com transcrição do Ultimate Guitar, Gilby Clarke explicou as razões que fundamentaram a saída de Izzy Stradlin – ao menos em sua visão. Segundo ele, o guitarrista original estava insatisfeito com a direção que o Guns N’ Roses seguia naquele momento.
“Não posso responder por Izzy, mas eu definitivamente tenho a impressão de que a banda foi em uma direção que ele não gostava mais. Ele estava cheio daquilo. Ele estava sóbrio”, afirmou, inicialmente.
Em seguida, Gilby destacou que Izzy queria manter o Guns em uma pegada mais simples, o que não era a intenção do vocalista Axl Rose. “A banda estava com músicos de sopro e backing vocals, Axl tinha uma visão de como fazer a banda crescer para uma versão moderna dos Rolling Stones. Só que os caras da banda são do rock and roll bem sujo”, disse.
De acordo com Clarke, os demais integrantes do Guns N’ Roses eram sujeitos bem simples, que viviam a essência do rock and roll – inclusive nos excessos. “Mesmo quando viajávamos em nosso jatinho particular, as malas dos caras tinham tipo uma fronha e uma garrafa de Jack Daniels, ou um case de guitarra. Era isso. Foi tão real e tão errado quanto poderia ser”, comentou.
O músico apontou que o Guns N’ Roses fez parte de uma segunda onda de “salvação” do rock, que estava nas mãos de bandas como A Flock of Seagulls e outros artistas da new wave na primeira metade da década de 1980. A primeira ocasião em que o estilo foi “redirecionado” à sua essência, na visão dele, foi quando o punk surgiu, nos anos 1970, e tirou o protagonismo do rock progressivo.
“Vivi isso duas vezes. Lembro de bandas como Guns N’ Roses, Poison e a nova chance do Aerosmith nos anos 1980. O rock estava sombrio, tocavam A Flock of Seagulls, era muito ruim. A MTV era forte e fez tudo voltar. Pense nos anos 1970, quando o rock ficou progressivo e horrível, daí o punk surgiu e mudou as coisas. Hoje, vejo muitas bandas jovens em Los Angeles, tocando em clubes lotados para 300 ou 400 pessoas”, declarou.
Em outro momento da conversa, Gilby Clarke destacou que conseguiu se encaixar rapidamente ao Guns N’ Roses – e era isso que a banda queria, já que Izzy Stradlin precisava ser substituído rapidamente. “Eles estavam muito preocupados em encontrar um guitarrista que se encaixasse, pois Slash se estabeleceu como guitarrista solo e eles precisavam de alguém para fazer o que Izzy fazia. Havia uma pequena, porém dura lista de substitutos. Ronnie Wood (Rolling Stones) foi cotado! Slash me ligou e eu, claro, aceitei”, afirmou.
Apesar de ter feito alguns testes com o Guns, o guitarrista não chegou a ser avisado que a vaga era dele. A descoberta veio pela MTV. “Ele me ligou em uma segunda-feira e na segunda seguinte, eu estava assistindo à MTV, sem som, enquanto falava no telefone. Olhei e vi minha foto na MTV. Vi no final, mas anunciaram que eu estava no Guns N’ Roses. A próxima ligação foi a de Slash me falando que consegui o trabalho e que sairíamos em turnê na semana seguinte”, disse.