O Guns N’ Roses não era descrito como “a banda mais perigosa do mundo” à toa. O potencial de autodestruição do grupo em sua fase clássica, entre os anos 80 e 90, era proporcional ao talento de seus integrantes, que emplacaram vários hits e venderam milhões de discos nesse período.
Em entrevista ao podcast de Mitch Lafon, transcrita pelo Ultimate Guitar, o empresário Doc McGhee fez alguns comentários sobre o dilema do Guns N’ Roses em seus primeiros anos. A banda vivenciou seu auge em popularidade ao mesmo tempo de sua decadência pessoal, com integrantes viciados em drogas e diversos problemas internos.
McGhee, vale destacar, trabalhou brevemente com o Guns N’ Roses em outros tempos, entre 2010 e 2011. Apesar disso, o empresário conhece os músicos desde os anos 80 e gerenciou bandas de estilos semelhantes naqueles tempos, como o Mötley Crüe – para quem o Guns abria shows no início – e o Bon Jovi.
“A banda em si tinha ótimos caras. É toda a m*rda no entorno que deixa tudo difícil. Axl (Rose, vocalista) é um garoto muito, muito inteligente e musical, além de ter um grande coração e ser muito generoso. Porém, ele nunca teve a chance de ser realmente o que desejava ser. Foi o que entendi dele”, afirmou.
O manager destacou que o Guns N’ Roses tinha muitas questões a serem resolvidas em seu gerenciamento. “Eles sempre quiseram se autogerenciar, mas não dava. Estive com Duff (McKagan, baixista) na Alemanha, eu estava com o Skid Row, que tocava com o Guns, e o cara que cuidava dele teve que dar uma cabeçada nele, pois ele estava fora de controle. Foi levado ao hospital e testou positivo para 27 drogas diferentes”, disse.
Apesar disso, Doc McGhee aponta que a banda era muito talentosa. “Eles fizeram grandes álbuns. ‘Appetite for Destruction’ (1987) é o tipo de disco que ninguém conseguirá repetir. Foi uma daquelas situações em que as estrelas se alinharam e os caras chegaram para fazer aquilo. Axl nem seria o vocalista lá no começo, ele era tecladista e Izzy (Stradlin, guitarrista) disse para ele cantar, pois eles haviam perdido o vocalista”, declarou.
Ainda durante o bate-papo, o empresário, que hoje trabalha com o Kiss, relembrou que o Guns N’ Roses surgiu “do nada” e conquistou o mundo – e foi aí o “começo do fim”. “Quando é divertido, você ainda está dormindo no chão, compondo suas primeiras músicas, envolvendo-se de maneira emocional com a música – como deve ser. Quando a grana começa a entrar, f*de tudo. Entra namorada, esposa, mãe, pai, advogado, empresário – todos os gênios que não estavam lá quando você não tinha nada”, concluiu.
A entrevista completa pode ser ouvida, em inglês e sem legendas, no player de vídeo a seguir.