Em recente entrevista ao jornalista Mitch Lafon, no podcast “One On One With Mitch Lafon“, Steven ‘Popcorn’ Adler falou um pouco sobre sua quase empreitada ao lado de Axl, Duff e Slash na turnê “Not in This Lifetime”. Segue transcrição da conversa traduzida pelo site Whiplash.net:
Como foi tocar com Axl, Slash e Duff McKagan pela primeira vez após 26 anos:
Adler: Foi tipo ‘Graças a Deus por este maravilhoso presente’. Vinha praticando 25 músicas do ‘Appetite’ e ‘Use Your Illusion’ duas vezes por dia durante dois anos, pois quando percebi que a reunião provavelmente aconteceria eu queria estar em ponto de bala. Daí no segundo ensaio com a banda, machuquei meu ombro e passei por uma pequena cirurgia. Depois que fiquei pedi pra voltar, mas não aconteceu e eu fiquei ressentido. Mas decidi não manter este sentimento e eis que me chamaram e foi um sonho realizado tocar para milhares de pssoas com Slash e Duff e Axl. Eu gostaria que Izzy (Stradlin) também estivesse presente mas tudo bem, graças a Deus, era algo que eu aguardava por 26 anos. Todo dia as pessoas – e não eram apenas uma ou duas, mas cinco, seis, dez, dezenas de pessoas quando eu fazia um show – me perguntavam ‘quando vocês vão voltar?’ Eu gostaria que nunca tivéssemos nos separado.
Se ele sabia já nos ensaios que tocaria apenas uma ou duas músicas:
Adler: Eu entendi que tocaria todo o material do ‘Appetite’, do ‘Lies’ e três ou quatro músicas do ‘Use Your Illusion’, e então Frank (Ferrer), que é um sujeito fantástico, faria a parte do ‘Chinese Democracy’ e outras músicas… eu começaria o show, ele entraria no meio e eu finalizaria. Pra mim estava maravilhoso deste jeito.
Quando ele percebeu que os planos haviam mudado:
Adler: Eu estava pronto para fazer o show no Troubadour (dia 1º de abril de 2016). Como eu disse, vinha ensaiando 25 músicas por dia nos últimos dois anos, estava pronto pra tocar. Ensaiei em janeiro, fevereiro, março. E então naquele ensaio eu me machuquei. Foi terrível. Fiquei fora por duas semanas, operei e me recuperei, estava pronto para o Troubadour e Duff me chamou e disse ‘Cara, você não vai mais tocar conosco. Você não vai fazer estes shows’. Fiquei muito puto com ele, xinguei e disse que ele era a pior pessoa do mundo. Depois tentei falar com ele novamente e deixei uma mensagem pedindo desculpas pelo que eu tinha dito. Na verdade eu não queria dizer que ele era a pior pessoa do mundo mas sim que eu era esta pessoa, por não conseguir tocar com os caras depois deles me oferecerem a oportunidade. Mas acabei dizendo isto para ele. E quando você guarda mágoas acaba dizendo o que sente, e eu disse aquilo pra ele mas era sobre mim. Ele sabe que eu o amo mais que tudo, e eu me desculpei com Duff, fizemos shows juntos ano passado e ele entendeu o que aconteceu.
Por que ele tocou apenas uma música com o Guns N’ Roses nos dois shows em Buenos Aires, na Argentina:
Adler: Eu estava lá com minha esposa (que é argentina), sua família, seus pais, irmãs, sobrinhas, tios, e Axl disse ‘Mas que diabos ele está fazendo aqui? Ele não deveria tocar só amanhã?’. Eu pedi desculpas e disse que tinha voado 15 mil milhas pra estar ali. Daí a banda tocou mais algumas músicas e eu subi ao palco, ele me apresentou, toquei uma música e eles apagaram as luzes atrás de mim. Fui pra trás do kit de bateria pensando ‘Que diabos acontece?’. E toda a equipe técnica veio me abraçar e parabenizar ‘Cara, nós te amamos, Steve. Está tudo bem’. Eram umas vinte pessoas falando comigo. E na noite seguinte toquei mais uma música. Não quero falar sobre outras coisas. O que quero guardar de lembrança é que eu e minha mulher estávamos juntos com sua família após 15 anos. Eu obviamente compreendi mal, achei que eu deveria viajar pra Austrália e Japão e Tailândia. Eu disse ‘Sim, adorarei fazer estes shows’. Mas explicaram que eu deveria escolher apenas um deles, e eu disse que não podia escolher. Mas é como eu disse, estive próximo deles e sou grato pelo que vivi.
Se ele mantém algum ressentimento com os caras do Guns N’ Roses:
Adler: Não, não, não, de forma alguma. Amo aqueles caras. As coisas são como são. Eu gostaria que fôssemos nós cinco participando da turnê, mas as coisas são como Axl quer que sejam, e eu o respeito por isto. Sou grato por ter participado das coisas quando eram divertidas e empolgantes. Foi mágico quando estávamos juntos (no final dos anos 80). Naquela época, mesmo nossos piores shows eram grandiosos, era tudo mágico, especial. Fui abençoado e presenteado de ter feito parte daquilo. Tenho muito orgulho, carregarei este sentimento até morrer, e estou bem com isto (risos).
Se não há mais possibilidade dele tocar com o Guns N’ Roses:
Adler: Se eles quiserem fazer da maneira certa, com os cinco (integrantes da formação clássica)… E, como eu disse, não me importo de compartilhar o palco com Frank, desde que eu toque minhas músicas, não me iporto. Mas se formos nós cinco eu estou dentro! Adoro aqueles caras, tenho orgulho do que fizemos… e como nós cinco ainda estamos vivos, acho que deveríamos tocar para nossos fãs, dar a eles o que querem.