Após 16 anos da apresentação mais aguardada de todo o festival, o Axl Rose – Fã Clube preparou uma matéria especial sobre a volta do Guns N’ Roses no Rock In Rio.
O Despertar da Besta
Depois de seis anos recluso trabalhando num caos que dilacerou o Guns N’ Roses, Axl Rose voltava ao picadeiro para tentar retomar o seu lugar.
Uma espera que se acumulava por oito anos estava chegando ao fim. Pois em novembro de 1999, passou a tocar em rádios de todo o mundo a música “Oh My God”, que puxava a trilha sonora do filme “End Of Days”. Junto com o CD duplo “Live Era 87-93”, que chegava ás lojas do planeta inteiro. Os dois produtos levavam a assinatura do Guns N’ Roses, interrompendo um hiato de oito anos sem composições inéditas e de seis anos sem lançar nada desde 1993. Uma pergunta que intrigava os fãs e a indústria fonográfica naquela época: O que Axl Rose estava aprontando?
Em novembro de 1999, Rose avisou em uma entrevista por telefone ao VJ Kurt Loder da MTV americana: “Vamos estar por aí. Não estamos fazendo todo esse trabalho para deixar as coisas de lado. Temos planos de sair por aí mostrando, do jeito que tem de ser”.
Após o lançamento do “Use Your Illusion I e II” e do “The Spaghetti Incident?”, as coisas começaram a dar errado para Axl Rose. Amigos, carreira, banda, casamento, tudo foi para o espaço. Nesta situação, qualquer um tentaria um suicídio, mudaria de profissão, se entregaria à religião. Mas não. O Axl Rose queria voltar a ocupar o espaço que, como acredita seu inflado ego e talento (o que tinha lhe restado, além da fortuna), nunca deixou de ser dele.
Axl Rose volta do inferno… O mundo ainda precisa do Guns N’ Roses?
Em junho de 2000, Axl Rose voltou aos palcos com uma aparição surpresa no show de Gilby Clarke, no Cathouse Club. Era eminente que o Guns N’ Roses estava finalmente progredindo, após anos de inatividade.
Em outubro de 2000, anunciou-se oficialmente o retorno do Guns N’ Roses, confirmando sua participação na terceira edição do Rock In Rio, em janeiro de 2001. Logo após o anúncio, um show de aquecimento começou a ser planejado e a banda começou a ensaiar no início de dezembro, e uma apresentação na virada do milênio foi anunciada no House Of Blues, em Las Vegas.
Apresentando pela primeira vez ao público um Guns N’ Roses todo reformulado, apenas com Dizzy Reed como remanescente da formação anterior. Brain Mantia na bateria; Paul Tobias, Buckethead e Robin Finck nas guitarras; Tommy Stinson no baixo; Dizzy Reed e Chris Pitman nos teclados. A plateia gritou o show inteiro os nomes “Axl” e “Buckethead”, provando que a nova banda não era tão desconhecida assim.
No final do show, Axl Rose desejou um feliz ano novo pra todo mundo. Um DVD desse show foi planejado pra ser lançado (por isso não há vídeos, só o áudio desta apresentação) e chegou até as pré-vendas, mas depois foi cancelado. O DVD viria com a versão de estúdio de Madagascar no menu.
O Guns N’ Roses voltou para ficar
“Paz. Eu amo vocês. Estaremos aqui no próximo verão com as músicas novas. Sejam bons para os outros. Boa Noite.”
Foram essas as palavras de Axl Rose ao deixar aquela noite a Cidade do Rock. E todos que se apertaram durante o show por um lugar de melhor visão saíram de lá com uma certeza… O Guns N’ Roses voltou para ficar!
Inesquecível? Lamentável? O que foi a apresentação do Guns N’ Roses há 15 atrás no Rock In Rio? Para nós fãs, Axl Rose nunca perdeu a majestade. Para outros nem tão fãs, além de alguns quilos acima do peso, ele já não tem a mesma voz de antes. O fato é que a passagem da banda pelo Rio, rendeu bons e maus momentos.
A começar pela parte boa, quando os primeiros acordes de “Welcome To The Jungle” soaram, à 01h54 da manhã, a histeria do publico foi total. Com explosões e labaredas no palco, bem no estilo dos megaconcertos de Hard Rock das antigas. O Guns N’ Roses versão 2001 parecia querer recuperar o tempo (e o bonde da história) que perdeu nos sete anos de sumiço.
O repertório do show também foi bem escolhido, pois quase todas as músicas do “Appetite For Destruction” foram executadas. Outro ponto a favor. A nova banda, que era formada por Brain Mantia na bateria; Paul Tobias, Buckethead e Robin Finck nas guitarras; Tommy Stinson no baixo; Dizzy Reed e Chris Pitman nos teclados. Mas toda a saudade e boa vontade da plateia não conseguiram mascarar algumas falhas. A banda era muito boa, mas errou em vários momentos da apresentação.
Na introdução de “You Could Be Mine”, então, foi um horror. O final de “Patience” também deu zebra. Mas quem esteve no show, ou até mesmo aqueles que aguardaram firme na frente da TV por horas a fio, puderam ver o quanto aqueles novos rapazes eram dignos de ter o nome Guns N’ Roses em seus currículos. Já que fizeram o possível e o impossível para agradar aos fãs. Em todos os sentidos. Outro gol contra: Os longos discursos de Axl Rose durante o show. Agradeceu aos fãs, falou dos antigos companheiros de banda, fez declarações de amor aos novos integrantes, provocou o Oasis. Tanto papo furado pareceu estratégia para recuperar o fôlego.
O momento novela mexicana ficou para o final, Axl Rose resolveu agradecer à sua “família brasileira” e chamou para seu lado a Beta Lebeis, no qual, se abraçaram e os dois caíram no choro. O drama não chegou a derrubar o espetáculo. Até porque os fãs – que se espremeram desde cedo sob sol para conferir o novo Guns N’ Roses ao vivo – puderam ver que Axl Rose estava vivo e a banda ainda respirava.
Peculiaridades:
SOSSEGO: Para cativar os espectadores, Robin Finck executou “um número especial”. Ele engatou um português bizarro, com uma versão de Sossego do Tim Maia. Metade da plateia adorou, outra reclamou. O mesmo ocorreu com a bateria da Viradouro, no fim.
RUMORES: O show foi cercado de boatos, a banda chegou no Rio sem Axl e disseram que ele só viria no dia da apresentação. Depois espalharam que o Slash era o guitarrista mascarado (Buckethead). A última era de que o show duraria três horas.
SIMPÁTICO: Axl Rose era só carinho. Disse que amava muito todo mundo, e que a plateia era o máximo. E dedicou Madagascar “ao amor que vocês têm por nós.”
AFIADO: Axl Rose disse saber que o público estava desapontado com a ausência dos músicos originais e emendou: “Foda-se. Eu e meus amigos trabalhamos muito para estamos aqui hoje”. Sobrou até para Lian Gallagher: “Pena que não fomos unidos como o Oasis”, ironizou os irmãos ingleses, que vivem brigando.
Por: Matheus Davanso