“Quando a vida lhe nega um sonho, negue a ela uma lágrima”
Foi com essa frase que fiz meu caminho pro show do Guns N’ Roses, saindo da minha cidade às 4h da manhã, sem dormir, comendo pouco e com dinheiro contado, com apenas um intuito: ver Axl rose de perto, aqueles sonhos de adolescência que você nunca acha que vai conseguir até que eles acontecem (o que eu descobriria mais tarde).
Cheguei na estação do Jabaquara às 6h em ponto, e logo desci pra pegar o metrô até a Sé, onde faria baldeação até a estação Palmeiras-Barra Funda, onde tinha que esperar meus amigos da equipe do Axl Rose – Fã Clube que iriam comigo ao show. Lá, tive muita sorte ao encontrar uma balconista no guichê de informações que me roteou sinal de internet, e ainda por cima, descobri mais tarde que eu havia conhecido ela no facebook meses antes. Das milhões de pessoas que eu podia ter encontrado, ainda por cima no horário de pico de SÃO PAULO, eu conheci minha amiga virtual. Aquilo por si só, definiria a sorte do resto do dia.
Chegamos por volta das 9h50 na fila do portão B, e meu Deus, fazia um sol de dar inveja no Rio de Janeiro ou Santos, e eu contava com um agravante: estava TODO de preto, com jaqueta e sapatos de couro, e a minha única e fraca defesa era uma sombrinha, que era vendida pelos ambulantes que ali passavam constantemente, minha sorte foi ter tomado bastante água, graças as garrafinhas que um membro da equipe havia trazido.
O sol seria o principal adversário das 8 horas em que passamos na fila, na maioria das horas, em pé. Servindo-nos de barrinhas (nosso almoço!) e tomando água (que graças a Deus, não nos faltaram). Mesmo de sombrinha, o sol castigava-nos seriamente, sobretudo entre o meio dia e as duas horas da tarde, e houve quem passou mal na fila.
A banda passou o som por volta do meio dia, e há quem diga que dava pra ouvir o Axl cantar, sobretudo se nos dirigíssemos em direção à parte de trás do estádio, mas tudo que ouvimos no portão B foi o som trovejante de uma bateria que eu conheceria horas depois.
Por volta das 15h10, a Política Militar (acredito) nos mandou levantar, e ficamos assim, até as 16H20, inacreditáveis 1h10 minutos em pé, debaixo dos últimos raios flamejantes do sol, que agora não queimava nosso corpo, mas sim, as canelas. Nesse meio tempo, um segurança do estacionamento onde estávamos decidiu jogar bombinhas de água na “platéia”, para a alegria da maioria. Nós, infelizmente, não fomos contemplados, e já estávamos comprando nossa décima garrafinha de água, uma das únicas alternativas de sair do calor ES-CAL-DAN-TE que fazia.
Houve confusão com pessoas que tentavam furar a fila na entrada dos portões, e houve gente que conseguiu pular a cerca divisória da rua pra fila do portão B e NINGUÉM FEZ NADA. Isto não é em nada surpreendente no país da corrupção, mas lembrarei disso quando ver uma manifestação contra a mesma. Mas, acredito que ninguém está aqui pra discutir aspectos sócio-culturais enraizados nos brasileiros, certo? (muito menos da política aduaneira que fazia uma Heineken custar 10 reais na fila)
Assim que os portões abriram, ninguém deu muita atenção as recomendações da PM para não correr, e tudo que foi visto foi intensa correria, pelo melhor lugar da pista premium, tudo para, no fim, todos nós tivermos de parar pra sermos revistados, numa “fila” (se é que posso chamar aquilo de fila) e todos passamos por revista.
Alguns índividuos sem noção do coletivo traziam mochilas, e congestionaram a fila inteira, pois a policia minuciosamente revistava cada uma delas. Mas estávamos em São Paulo, certo? Quem liga pra congestionamentos? Uma das regras era não entrar com pingentes, nem correntes. E eu trazia uma, mas ninguém checou meus bolsos. Quem sou eu, afinal, pra falar de corrupção?
Com alguns minutos de atraso, eu estava lá! De frente para o palco, vendo a Plebe Rude passar o som.
Estava bem perto da grade, quando começaram a se aglomerar pessoas em nosso redor, e o calor, que já era intenso, mesmo às 17h, beirou o insuportável, e eu não aguentei e sai, vendo pela última vez meus amigos que ali estavam, mesmo tendo-os procurado por mais de uma vez.
Aproveitei o tempo para deitar e tentar dormir um pouco (sim, tinha gente dormindo e babando no piso do estádio). Escolhi um canto, ao lado direito do palco, e deitei-me. Observei o céu, fechei meus olhos, e ouvia alguma recomendação de segurança, com um som grave e surdo, e surpreendentemente, relaxante… Nesse ambiente, fui me desligando de tudo.
Quando eu estava quase conseguindo dormir, um cidadão chega em mim, me dá uma Senhora batida na minha perna e diz : “VAI CURINTIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, NO ESTÁDIO DA PORCADA IRMÃO” levantei mais assustado que David Luiz vendo a Alemanha atacar em pleno 7×1, perguntando-me o que estava acontecendo. Olhei o cara e falei :”Po mano, sô santista, mas hoje vale tudo.”
A Lei de Gil imperava naquele recinto. Depois de levar um susto daquele, levantei e tive a pior ideia possível: tomar cerveja. Lembrete: Eu não dormia direito havia 2 dias, e estava CAINDO de sono, ainda mais depois de ficar o dia inteiro na fila, e ainda por cima, de pé.
Tomei duas budweiser, apenas e tão somente para ficar com aquele lindo copo vermelho. Detonei os 2 copos e beberiquei do copo de um cara que eu tinha feito amizade perto da grade. Bastou eu tomar estes goles, que TODO o meu cansaço apareceu em menos de 10 minutos, me deixando quase sem condições de ficar em pé.
Cambaleante, deitei de novo, dessa vez na grama, pra me certificar de que nenhum corinthiano fosse me bater na perna dessa vez, e comecei a suar frio.
Eu tinha passado uma tarde inteira pra estar lá.
Eu não via mais meus amigos.
Era meu primeiro show.
Era o show da banda da minha vida.
Eu estava na pista premium.
Meus amigos dariam tudo pra estar lá.
E eu estava arruinando tudo isso.
Passaram-se 5 minutos, que mais pareceram 30, olhei no relógio e ainda faltavam 2h30 pro show.
Tive medo.
Suei frio.
Eu achei que não fosse mais aguentar.
Pensei em ir embora,
Pensei na minha casa, muito, muito distante dali.
Pensei no ônibus
Pensei em qualquer lugar, menos ali.
Normalmente, eu me lembraria de Even Deeper do Nine Inch Nails (quem escutou sabe o porquê), mas não tive tempo, eu fiquei com raiva do meu corpo, e de mim mesmo.
Eu não tinha ido tão longe pra um babaca chamado “sono” me mandar voltar pra casa sem alcançar meus objetivos, EU TINHA QUE AGUENTAR, era o GUNS N’ ROSES com AXL, DUFF E SLASH. F*DA-SE, EU IA CONSEGUIR. Levantei cambaleante, com tudo no meu corpo me dizendo pra voltar pra casa, menos a pequena parte do meu cérebro que chamo de “Eu”. Fui até os bombeiros, sabe-se lá porque, eu falava com dificuldade, mas mesmo assim, me compreenderam e levaram-me ao Posto de Saúde, e eu descobri 2 coisas boas: Eu não estava com pressão alta (pelo contrário, 12/4) e eu não tinha diabetes (minha insulina estava de boa). Vi lá outros dois cidadãos, sabe-se lá com o que, mas com o olhar bastante apreensivo.
Escutava ao fundo, o show da Plebe Rude.
Perguntei as horas;
Eram oito da noite.
Apesar de ter sido atendido por uma enfermeira loira dos olhos verdes (um indicio da sorte insana daquele dia) eu não tive muito a comemorar.
Suava frio.
Tensão à mil.
Eu ia mesmo perder o show da banda da minha vida?
Com estes pensamentos trocando tiros em minha cabeça, fui medicado com 2 bombas de glicose pra me acordar.
Tão logo desceu pela minha garganta,
meu coração acelerou.
Ah não, mais tensão não.
Pensei em chorar, pensei em desistir, mas eu simplesmente não podia.
Era o Guns N’ Roses. EU IA AGUENTAR.
Me mandaram ficar 20 minutos esperando. Não esperei nem 15 e sai andando, e voltei pro meu gramado a prova de corinthianos e deitei-me de novo, e a Plebe Rude devia estar em sua terceira ou segunda música.
Não posso dizer que “fui” nesse show, embora teoricamente, eu estivesse lá, mas só ouvi 2 músicas e APAGUEI, durante 50 minutos exatos. Voltei a mim só por causa de um estrondo enorme que algo fez, talvez a música do Dio que tocava (Rainbow in the Dark, tenho certeza). Já era noite, e o estádio estava lotado. Pensei “perdi a chance de ver os caras de perto!” mas, graças a Deus (de novo ele, que já havia se manifestado com a música do DIO me acordando) consegui chegar perto da grade.
O tempo parece que acelerou dali pra frente.
Quando dei por conta, os slides do show já haviam começado, mostrando o logo da banda e o simbolo da turnê latino-americana em um estilo maia ou azteca (sei lá), e fiquei nisso por uns 15 minutos que mais pareceram 5.
Puxei papo, fiz amigos, ganhei um saco de pipoca (custava 10 reais e eu levei de graça, que sorte!)
Perguntei as horas,
o cidadão ia me responder,
quando de repente…
TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM,
O logo da banda muda, acompanhado de um som gravíssimo,
TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM,
o estádio inteiro gritava,
TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM,
eu estava perto de realizar o maior sonho da minha adolescência,
TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM,
era real, eu estava ali! Eu ia ver o GUNS N’ ROSES,
TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM,
vi Dizzy, Melissa e Frank Ferrer,
TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM,
o estádio delira quando vê Slash, Duff e…..
Meu Deus!
Não pode ser!
MAS PODE!
ESPERA!
É ELE!
EU ESTOU VENDO AXL ROSE!
É dificil dizer o que aconteceu comigo depois disso, fui tomado por uma vontade incrível de chorar e cantar ao mesmo tempo. Eu não acreditava, o meu sonho mais inalcançavel estava ali, sendo realizado! Eu via, eu via meu ídolo-mór de adolescência, a menos de 20 metros de mim, e eu cantava e chorava It’s So Easy, quando de repente… Axl caminha para o lado direito do palco, justo onde eu estava.
E eu o vi, muito, mas muito perto.
Meus olhos se arregalaram e minha boca abriu, de tal forma, que eu não respondi por mim vários minutos, tudo que consegui gritar foi “FUCK OFF”, junto com ele, e só. Olhava para o lado, tentando ter certeza de que eu não estava sonhando com tudo aquilo, nem nos meus sonhos mais otimistas, eu achei que o fosse o ver tão perto.
Sem me dar tempo para assimilar toda bomba de informações (e sonhos realizados) que eu tinha adquirido, o Guns seguiu com Mr. Brownstone, e eu lembro de ainda continuar olhando para o lado, com medo que alguém me acordasse de tudo aquilo que eu estava vivendo, ainda que, nessa musica, eu já tenha retomado um pouco meu controle, e dançado a coreografia.
Chinese Democracy, o que falar da faixa título do CD que mais defendi em toda minha vida, com unhas e dentes, e gerando inimizades diversas? Foi incrível, e ainda Axl veio pro lado onde eu estava mais uma vez.
Em Double Talkin’ Jive, vi Axl e Slash se cruzando no palco pela primeira vez, e ainda nessa música, Slash veio solar tão perto de mim, eu ouvi a palhetada e a guitarra dele, além de ver ele suando pra cacete. Better foi um dos maiores sonhos realizados, e foi recebida como clássico pelo público, e foi uma das poucas músicas em que ouvi a voz de Axl por mais que meia frase, pois havia 40.000 fãs gritando na minha orelha…E eu era um deles. E ai veio Estranged.
Eu desidratei de tanto chorar.
Sim, não tenho vergonha de dizer que chorei como criança nesta música. Eu, que tinha me convencido tão seriamente de que NUNCA veria o Guns, estava vendo eles tocarem a melhor de todas as suas músicas, bem na minha frente. Desculpem os puristas, que dizem que “homem não chora”, pode até ser, mas o meu garoto de 15 anos, aquele mesmo, que não tem muito tempo, eu chamava-o de “Eu”, que estava mais vivo do que nunca em mim, estava tendo o momento mais feliz e inesquecível de sua vida, era natural que ele chorasse.
Vi Duff e Fortus bem de perto.
Vi Duff e Axl juntos.
Eu chorei,
e chorei
e chorei.
Live And Let Die foi excelente pra levantar o clima da galera, e tira-los daquele choro causado por uma música “feliz, quase como caminhar no parque…. quando….está um belo dia, e você não tem nada melhor pra fazer do que se matar”. Vi o Axl fazendo com maestria aqueles gritos cortantes como navalha, e senti as chamas da pirotecnia. Lembro-me de arregalar os olhos, e pedir para que tudo aquilo não fosse um sonho.
E que se fosse, ninguém me acordasse.
Em Rocket Queen, as notas iniciais soaram como “Riad N’ The Bedouins”, mas logo veio aquela introdução fantástica do Duff, com um ritmo de baixo que fica na sua cabeça o dia inteiro. tu-tu-da-tudum-dudum-da-da.
Essa música ainda tem aromas de frescor pra mim, pois quando a descobri, em meados de 2012, já era um “aspirante a fã”, mas nunca havia a escutado, e portanto, a música até hoje, tem aromas de coisa nova pra mim.
Tudo que conseguia lembrar era de uma garota devassa que eu conheci, e que me disse que se tivesse uma banda um dia, chamaria-a de “Boquete Queen”. Só consegui rir, e acompanhar aquela introdução de baixo e bateria que eu sempre achei fascinante. Ao vivo, com os caras que a tinham criado. Que sonho.
Fortus fez um dos solos da música, que me pareceu desconexo, mas com bastante técnica. Slash fez o outro solo com a boca. Lembrei-me do nome da banda da garota.
Estranho, muito estranho…
Onde paramos??? Ah sim: You Could Be Mine e Attitude tiraram todos do chão, nunca havia visto algo igual. Parece que todos sabiam ambas as letras de cór. Mas pra mim, o que mais valeu foi a intro de Attitude, You Can’t Put Your Arms Around A Memory. Poucos sabem, mas Duff gravou quase tudo na versão de estúdio, da bateria até o violão.
Esta música traz-me memórias do meu último ano escolar, onde tudo era feliz e pra sempre, basicamente meu “Summer of ’69”. Em This I Love, vi o Axl tão perto, mas tão perto, que é esta a imagem mais clara que guardarei dele: Cantando esta música.
Não tirei fotos, pois meu celular fez a cortesia de descarregar em Rocket Queen, mas, fotografei com a cabeça. Nunca vou esquecer: Axl chegou perto de onde eu estava, e até franziu a testa no verso “Might Seen in it her eyes”. Slash fez um solo excelente, melhorando bastante aquele que ele fez nos primeiros shows… Em Coma, aproveitei para “aprender” a linha de baixo inicial, do jeito que o Duff faz, e vi (outro) momento que nunca achei que veria: Axl brincando com o Fortus, batendo no braço dele e dizendo “Where Are You?”. PS : a música não pareceu ter 10 minutos.
Depois do solo (fantástico) do Slash, veio o maior hit, a obra prima feita ao acaso, aquela que era, é, e sempre será música-tema de casaizinhos espalhados pelo mundo, e que me fez chorar feito uma criança: Sweet Child O’ Mine. Quando eu era novo no mundo do Guns N’ Roses, eu sempre achei que a reunião aconteceria justamente nessa música, que em um show, Slash apareceria de convidado e tocaria esta música. Depois de ouvir a música tema do Poderoso Chefão, meu filme favorito, ouvir Sweet Child O’ Mine foi demais, tornando impossível não chorar a música inteira. Lembro de pouca coisa visual, só de Axl brincando com o fato de estar chovendo (and pray for the thunder, and the rain…” e fez um gesto para o céu) e de gente batendo nas minhas costas e dizendo “Cara, fica bem”, de tanto que eu chorava.
Como a cereja do bolo, o solo seguinte foi Wish You Were Here/Layla… Logo nas primeiras notas do solo, lembro do Slash terminando uma fase de guitarra, e o Richard completando-a com duas notas, mas de maneira IMPECÁVEL. Nunca duas notas de escala pentatônica foram tão bem usadas, tudo ali, num simples slide. Que genialidade indomável.
Porém… uma coisa muito me entristecia: Eu tinha de ir embora para minha cidade, ou então viraria a noite (mais uma) e provavelmente apagaria em algum lugar, e seria assaltado, não tenho duvida.
Fui saindo, ou ao menos tentando, com passos que pesavam meia tonelada.
Na saída da pista premium, vi Katarina Benzova, a quem eu cumprimentei e fui respondido com um belíssimo sorriso.
Que mulher…
E que sorte. De novo.
Cheguei para um segurança e perguntei onde era o ponto de táxi, mas…
espere…
Isso é um piano…..
Eu conheço essa melodia….
ESPERE!
NÃO PODE SER.
É November Rain!!!!!!
A música que mais me marcou até hoje, em que vivi momentos de indescrítivel felicidade ao som, e ela estava sendo executada, pelos dedos e pela garganta que a eternizara, bem perto de mim.
Não sei de onde eu tirei energia pra correr até quase o palco, pegar a minha bexiga vermelha, encher, e balançá-la chorando feito uma criança (de novo, ainda mais nessa música). Fiquei lá, vi Axl ao piano, outro dos 1000 momentos que vi naquela noite, e que achei que nunca fosse ver. Via tudo com olhos de criança, daquela que ganhou o presente que mais queria no natal.
Era díficil segurar as lágrimas na fria chuva do Brasil.
Os solos, que perfeição ao vivo! Parecia que os ouvia em estúdio! Sensacionais do inicio ao fim.
A chuva de faíscas, que coisa fantástica! Coroou toda a audiência com um véu lindíssimo e que cheirava a gás. Bom, a música terminou, eram 23h30.
O metro fechava a meia noite, e eu estava a 20 minutos de caminhada dele. Eu tinha de ir embora.
Virei as costas no exato momento do primeiro acorde de Knockin’ On Heaven’s Door, e aquele acorde soou divino como o nome da música, a vontade de ficar bateu forte, mas não dava mais pra esperar.
Não podia ficar, nem mais um minuto, sinto muito Axl, mas não pode ser. Moro longe daqui, se eu perder esse trem, que sai agora as onze horas, só amanhã de manhã.
E muito relutante, eu fui embora.
Do lado de fora, discuti com 2 taxistas mercenários que não aceitaram 15 reais pra me levar até a Estação.
Não faz mal, deixaram de ganhar dinheiro, e eu, encontrei 3 garotas que me levaram até o metrô Palmeiras-Barra Funda, foram super legais comigo, e que eu descobri mais tarde, trabalhavam no show.
Sorte, que bom te ter pela primeira vez, amiga.
Me despedi das garotas nas catracas do metrô, e percebi que eu só tinha uma nota de 50 reais, e eu só precisava de uma passagem. Por sorte, o cara que vendia bilhetes aceitou o dinheiro, e eu consegui, começar minha viagem de volta.
Peguei o último metrôs disponível, vazio e limpo, um lugar perfeito e um ótimo momento para ouvir algum álbum acústico do HIM, sobretudo “Screamworks – Love In Theory and Practice” , mas meu celular tinha dado “Até Logo” horas antes.
No metrô, vim conversando com uma mulher que detalhadamente disse-me o que eu teria de fazer quando o trem chegasse na Sé, e me tranquilizou, dizendo que tudo daria certo. Sai do trem, desci as escadarias correndo com os demais, para pegar o último metrô que me levaria ao Jabaquara. Já no metrô, vi uma das garotas que me levaram até a estação. Ela sequer me notou, e saiu do trem apressada, subindo as escadarias correndo para pegar o (último?) ônibus para sua casa.
Em São Paulo, há um adeus em cada esquina. Nunca vou me acostumar com isso. Cheguei por volta da 00H47m no Jabaquara, e vi a imensa fila que ali havia para comprar as últimas passagens daquele dia, no único guichê aberto que “iluminava” toda a escadaria superior do Metrô Jabaquara com sua pálida luz. Era o da Cometa, companhia inspirada pela Greyhound, aquela, aquela mesmo que o Axl menciona em “One In A Million”.
Talvez um Cometa fosse o meu caminho.
Subi no ônibus, e vim pra casa dormindo, finalmente.
Acordei, já estava na minha cidade,
estava perto da avenida da minha casa,
desci, e caminhei mais ou menos 1km até chegar em casa.
Cheguei as 3 da manhã.
Extremamente cansado,
sem fazer a minima ideia de onde eu perdi 10 reais.
Sem aguentar dar 5 passos pra frente.
mas feliz, acima de tudo feliz.
O meu garoto de 15 anos teve o dia mais feliz da vida dele, e agora ele vai dormir, feliz.
Para Sempre.
“Sonhos podem se tornar realidade”.
Mr. Street Of Dreams, Axl Rose – Fã Clube.
11 comentários
Lindo! Lindo, lindo!
Parabéns amigo, minha estória não é diferente, eu sou fã dos Guns desde 1991, sai do interior do Pará (Breves- ilha do MARAJÓ) de barco até Belém, 12 horas de viagem, depois eu a esposa e mais um amigo, pegamos 6h de voo até Porto Alegre, ficando umas 11h de pé. No fim de tudo, vimos que valeu a pena.
Mr. Street of Dreams,
Obrigada por seu relato. Estava nesse show. Tive uma experiência tão intensa quanto a sua e li seu texto com as lágrimas escorrendo pelo rosto. Perdi o controle delas desde esse show memorável. Desconfio que vc seja da minha cidade ou daqui de perto. Posso saber?
Tenho certezq de quem ler isso vai se identificar um pouco. Fui no show de sábado, minha sorte que o tempo estava nublado então aturar 10 horas de fila até os portões abrir e mais e mais 06:30 em pé na pista premium foi muito doloroso para meus pés. Tava lotado se eu saísse de lá meu lugar já era eu estava sozinha…e enfim aguentei toda dor, fome, chuva, mais tudo isso valeu muito a pena e faria tudo outra vez se necessário, só para vê -los. Esse foi meu segundo show de muitos que viram. Foi perfeito.
Texto maravilhoso! Cada um de nós que estava lá sentiu um pouquinho de cada emoção sua, valeu por tudo!🙌🔫🌹🤘
Lindo relato!!!
Acho que cada um tem um relato emocionante…
São 29 anos de espera por esse show…sim uma vida toda…nunca tive condições financeiras de ir a um show da banda que amei por toda minha vida desde meus 12 anos de idade…
É minha mãe muitas vezes quis me dar o dinheiro mas nao erra justo tínhamos outras prioridades…
Bom a história é longa então resumindo…sempre acreditei que Axl voltaria a falar com Slash e então pensava :_se for ao menos Axl Slash e Duff já está ótimo mas um dia vou ve-los novamente juntos…
Então qnd surgiu rumores dessa possibilidade…comecei a juntar uma grana…porque talvez fosse minha última chance de realizar meu sonho de uma vida toda …é eu merecia o melhor por mim e pela minha mãe que não está mais entre nós e que sempre ouvia as músicas do Guns’n’Roses comigo pedia pra que eu as traduzisse e as achava lindas e assistia aos shows comigo pela TV e dizia:_Um dia vc irá ve-los😢
E hoje com 4.1 realizei meu sonho…o melhor dia de toda minha vida…Pista Premium… valeu cada centavos…só a grade me separava do maior amor da minha vida minha banda amada Axl Slash e Duff com um dia quis Q fosse .. eles ali na minha frete à menos de 4 mtrs de mim eu acredito … acho Q ela ficou feliz por mim por ver sua Fernandinha como ela me chamava…realizar seu maior sonho…de toda sua vida🌹🔫🌹🔫💕💋🙆
Fui no show de 12/11 fiquei sem ir pra casa esperando um ônibus até as 4hrs da manhã … porque meu celular zero a bateria e não consegui chamar o Uber kkkkk más oque são 5 horas diante de 29 anos não é mesmo 😉
Chego a conclusão que todo primeiro show do Guns é assim. Eu chorei por 2h30 em 2010. Do primeiro ao último acorde com meus amigos me segurando pelos ombros e perguntando se eu estava bem. Nos próximos sempre rolam emoção e lágrimas, em especial nessa reunião incrível. Dessa vez o que senti de diferente foi praticamente um estado de choque, eu fiquei sem reação por umas três músicas apenas acompanhando o movimento dos três caras mais fodas que já vi pelo palco. Sem saber ao certo pra quem olhar ou se aquilo tudo estava mesmo acontecendo.
Thaty chorei tanto também hahahaha lembro que em Mr. Brownstone o Axl estava bem na beira do palco e quando eu vi aquilo eu chorei igual criança de soluçar
Muito grata à Deus pela oportunidade de presenciar algo tão especial.
Pista Premium Curitiba!!!
Lindoooooo relato
Me identifiquei na parte que vc teve que ir embora, assim que acabou november rain eu fui embora pois dependia de carona e não tinha mais um real no bolso. Vim embora como o coração na mão porém realizada.
Realizamos o nosso sonho, até hj me arrepio pois da pista comum fui parar na pista premium ( fingi desmaio, depois o bombeiro me deixou na premium)
Foi a melhor noite da minha vida e não trocaria por nada. Guns N’ Roses faz parte da minha vida, de quem eu sou e eu faria tudo de novo
Chorando aqui lindo Lindo