O Axl Rose – Fã Clube realizou uma entrevista com Marc Canter, autor do livro Reckless Road, que documenta, por meio de fotografias e entrevistas, a trajetória do Guns N’ Roses desde os shows em bares na noite de Los Angeles até a criação do álbum Appetite For Destruction. O livro é repleto de fotos exclusivas e é um verdadeiro material de colecionador para os fãs da banda.
Marc é também amigo de infância de Slash e é considerado pelos integrantes da banda como sendo um sexto membro, por todo apoio e assistência que prestou à banda no início da sua carreira.
Marc é ainda um dos sócios do restaurante Canter’s Deli, em Los Angeles, que também tem parte na história do Guns n’ Roses e na cena musical da cidade. Foi no restaurante que Marc tirou uma das primeiras fotos promocionais do Guns n’ Roses.
O livro Reckless Road, em sua versão original, pode ser encontrado no site oficial do Canter, já versão em português está disponível para compra em livrarias nacionais.
A entrevista pode ser lida abaixo:
ARFC: Como foi o processo de montagem do livro Reckless Road? Quanto tempo você levou para fazer análise de todo seu material?
Marc: Quando eu decidi fazer o livro, ainda em 1993, levei 15 meses, trabalhando cinco horas por dia e investindo U$18.000,00 (dezoito mil dólares) para montar o primeiro esboço. Dei o melhor de mim para que pudesse chegar em um material que acreditava que seria o melhor para os fãs. Terminei o livro no outono de 1994. A banda não estava fazendo nada demais, então meu agente não conseguiu me ajudar a publicá-lo naquela época. Eu só queria que ele fosse publicado e não me importava se receberia alguma coisa antecipadamente ou não. O livro ficou parado durante 12 anos, até que conheci Jason Porath, que me ajudou a publicá-lo e foi também meu coautor. Foi ele quem quis que eu entrevistasse a banda, ao invés de apenas contar o que aconteceu naquela época. Então eu pensei que se fosse para entrevistar a banda, deveríamos também conversas com outras pessoas que estavam envolvidas. Acabou que entrevistamos mais de 20 pessoas para o livro e foi um projeto muito maior e melhor do que eu achei que fosse ser.
ARFC: Você tem material não publicado, em particular vídeos? Algum tempo atrás, ouvimos falar que uma adaptação cinematográfica do Reckless Road estaria sendo planejada. Como está este projeto?
Marc: Eu tenho, sim, muito material de áudio e vídeo daqueles shows antigos e mais alguns de alguns shows posteriores. Quanto ao filme, o livro foi escolhido para adaptação cinematográfica, mas isso terá que ser algo que a banda também queira fazer, então está nas mãos deles. É uma ótima ideia e tem muitas histórias legais daquela época que dariam um excelente filme.
ARFC: Pode nos contar sobre quando você conheceu o Slash? Como é seu relacionamento com ele atualmente?
Marc: Eu conheci o Slash quando éramos crianças, na 5ª série. Nós nos tornamos melhores amigos e eu sabia que ele era alguém muito especial. Tudo que ele escolhia fazer, fazia melhor que todo mundo. Ele desenhava, corria de bicicleta e depois tocava guitarra. Eu queria fazer com que ele fosse notado e o ajudei ao máximo que pude. Nós sempre seremos bons amigos. Atualmente nos falamos mais por mensagem de texto ou e-mail, porque ele está sempre trabalhando. Eu o vejo algumas vezes por ano, quando ele está por aqui.
ARFC: E quanto ao resto da banda? Ainda tem contato com eles?
Marc: Não. Perdi contato com Axl em 2007. Ele não estava muito feliz comigo naquela época porque eu promovia a banda antiga, enquanto ele estava tentando focar na nova banda. Eu sabia que era muito importante falar com os fãs e sempre que tive a oportunidade, fiz isso. Eu participava de fóruns na internet quando o livro foi lançado e comecei a postar para promover o livro, para que os fãs pudessem ter informações sobre ele. Nós não tivemos muita publicidade porque eu usei um editor iniciante. Tentei fazer com que Axl entendesse que não era uma coisa tão ruim o livro finalmente ter sido publicado. Dei entrevistas e insisti no fato de que eu achava que não tinha mais muita coisa de errado entre os membros da formação original, e que não era culpa de ninguém o que aconteceu e a separação da banda. Eu achava que eles só precisavam de alguns anos separados. Eu ainda apoiava o que Axl estava fazendo com a nova banda, mas achava que era importante que os fãs soubessem a respeito da história e do nascimento da banda original. Eu também descobri que existiam brigas entre os fãs do Axl e os fãs do Slash nos fóruns e eu gastei muito tempo, durante nove anos, tentando manter a paz entre eles. Fiz um bom trabalho e esclareci muita coisa. Eu sempre defendia o Axl e o Slash, quando era preciso. O que eu queria era que Axl soubesse que o Slash não era um cara tão ruim, ele estava sóbrio há anos, até parou de fumar e estava muito saudável, era um ótimo pai para seus filhos, era envolvido com várias instituições de caridade e trabalhava muito duro. Axl e Slash foram destinados a estarem juntos, eles despertam o melhor um no outro quando estão juntos. Eu sabia que o Axl não gostava que eu falasse aquelas coisas boas sobre o Slash mas eu tinha que continuar tentando, e dava entrevistas sempre que podia para que talvez um dia o Axl percebesse que eles dois poderiam se entender.
ARFC: Você acreditava que uma reunião da formação original podia acontecer? Você tem acompanhado a turnê Not In This Lifetime?
Marc: Sim, eu acreditava que uma reunião fosse possível e foi por isso que insisti tanto e falei tanto a respeito de que as coisas entre eles podiam ser resolvidas. Mas, ao mesmo tempo, eu achava que estava lutando por uma causa perdida, porque tantos anos se passaram e nenhuma mudança acontecia, com exceção de que o Axl voltou a falar com o Duff, o que foi um passo na direção certa. Agora é um alívio pra mim não ter que lutar mais por isso. Foi realmente muito trabalhoso, mas eu não conseguia me desligar disso até que algo mudasse entre eles. Eu acho que era o TOC dentro de mim que não me deixou desistir.
Eu acho que a banda está ótima! Como disse antes, eles fazem despertar o melhor uns nos outros. Eu adoro que os fãs podem vê-los juntos no palco de novo, e que os fãs mais novos que não puderam vê-los antes, podem vê-los agora. Eu vejo que eles estão felizes no palco e acho isso incrível. Eu também adoro que o Axl esteja cantando para o AC/DC. Ele está fazendo um ótimo trabalho com os dois lados do catálogo do AC/DC. Estou muito orgulhoso dele por fazer isso acontecer. Se alguém dissesse para o Axl, em 1984, que um dia ele seria o vocalista do AC/DC e que eles fariam shows em estádios e que, ao mesmo tempo, a própria banda dele seria ainda maior que o AC/DC, o que poderia ser melhor que isso? Eu acho que ele teria ficado feliz em saber disso, mas ao mesmo tempo ele sabia que estava tocando com os músicos certos para fazer isso acontecer. A diferença é: ele teria tanta sorte e oportunidade para ir tão longe? É o sonho do rock n’ roll realizado!
ARFC: Guns n’ Roses é uma banda muito boa ao vivo. Quando você viu a formação que gravou o Appetite For Destruction ao vivo pela primeira vez, qual foi sua impressão?
Marc: Eu estava no primeiro show que eles fizeram, e foi no Troubadour, em seis de junho de 1985. Naquele show, as coisas foram diferentes por alguns motivos. Antes daquilo, existiam bandas com diferentes membros daquela formação e sempre faltava alguma coisa. Naquela noite, eles foram perfeitos. Eles tinham tudo o que é preciso pra ser uma grande banda. Eles tinham o visual, o som, a guitarra, as composições, e a atitude.
ARFC: Se você puder escolher uma, qual é a história mais louca da banda daquele tempo?
Marc: Não sei, foi tão divertido ver tudo acontecendo. Era muito legal ver meus amigos escreverem músicas tão boas e vê-los se tornarem maiores e maiores, até estourarem. Foi muito emocionante pra mim porque comecei a documentar o Slash em 1982 e foi muito legal vê-lo se tornar um grande guitarrista, e ver os outros membros da banda se entrosarem tão bem. Eu sabia que estava presenciando no próximo Led Zeppelin.
ARFC: Qual seu show preferido do Guns N’ Roses de todos os tempos?
Marc: Foi o show no The Street Scene em 28 de setembro de 1985. Foi o primeiro show do Guns n’ Roses em que o Slash usou uma Les Paul. Eles estavam abrindo para o Social Distortion e o Guns era para começar a tocar às 17h ou 17:30h. Todas as bandas atrasaram naquele dia, então o Guns entrou no palco por volta das 20h. Os fãs do Social Distortion não estavam felizes em ver o Guns entrando no palco depois de esperarem tantas horas pra ver Social Distortion. Eles começaram a cuspir nos caras do Guns e a jogar comida neles. Contudo, eles se mantiveram firmes e conseguiram conquistar o público. Foi nesse show que eu percebi que o Guns não era apenas uma ótima banda, mas eles pareciam uma banda de estádio. Tinha cerca de 2 mil pessoas lá e antes daquele show, eles tinham tocado para no máximo 200 pessoas e nunca tinham tido a pressão de ter que lutar para permanecer no palco. Naquela noite, eu tirei fotos equivalentes a 4 rolos de filme, e todas elas ficaram ótimas.
ARFC: No Reckless Road, Duff diz que você era o “sexto membro” da banda. Slash, no livro dele, conta que você foi seu primeiro melhor amigo. Sendo tão próximo da banda, o que você pode dizer sobre a personalidade individual de cada um e como eles se encontraram para forma uma das maiores bandas de rock n’ roll do mundo?
Marc: Existiram várias versões da Rose e da Hollywood Rose, mas quando o Steven estava nessas bandas, ele usava bateria com bumbo duplo. Duff já tinha tocado com Slash na Roadcrew, mas só por alguns dias. Então quando esses cinco caras se juntaram, era o que precisava pra fazer acontecer. Como o Steven não estava mais tocando a bateria de bumbo duplo, o vocal do Axl se destacava. Além disso, a banda tinha um bom “groove” porque o ritmo estava mais lento. Eles sempre trabalharam muito bem na composição de músicas novas. Antes disso, Axl e Izzy escreveram algumas músicas que eram muito boas, mas com o Slash e o Duff e a bateria do Steven, era um grupo de assassinos trabalhando juntos. Naquela época não tinha muita coisa acontecendo no cenário rock n’ roll, e eles compuseram as músicas da forma que quiseram tocá-las. Slash sabia o que fazer com as composições do Izzy e Axl sabia o que fazer com as composições do Slash, eles davam certo em todos os sentidos. Das 11 primeiras músicas que eles compuseram, 10 entraram para o Appetite For Destruction. O que ajudou também foi que eles estavam escrevendo sobre o que eles viviam na época, isso tornou o som muito real. Foi uma época muito especial.
ARFC: Qual é a sua opinião sobre o Chinese Democracy? Você já assistiu o “novo GnR” ao vivo?
Marc: Eu gosto muito, foi ótimo ouvir os vocais do Axl depois de tantos anos e eu gosto muito do trabalho do Buckethead no álbum. Vi a banda ao vivo sete vezes de 2001 a 2007.
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
1 comentário
Alx deve ganhar sáporra kkkkkkkk melhor vocal do mundo #sóacho