Era 1994, e o Guns N’ Roses estava caindo aos pedaços. Foi o ultimo ano em que a banda clássica produziu algo junta,e lançou algo novo para os fãs.
A amizade entre Axl e Slash já estava claramente dando sinais de seu fim, a banda nada produzia, pois faltava uma peça-chave na produção das musicas (Izzy Stradlin) , e as ideias criativas de Axl já destoavam do resto da banda, sobretudo em relação a Slash. Duff quase morreu (seu pancreas estourou, devido aos abusos de alcool e drogas), e Axl subiu ao palco pela última vez.
Ou seja, um ano catastrófico, que começou com Axl e Slash concedendo sua ultima entrevista juntos, logo em 3 de janeiro, e nela falaram sobre “The Spaghetti Incident”, sobre o vídeo de Estranged (lançado no mês anterior) e projetos futuros. “Nós temos em mente o ano de 1996 (para lançar o álbum) e nós provavelmente vamos gravar muita coisa, vamos tentar fazer bastante coisa até lá… Talvez nós até trabalhemos com Brian May em um projeto futuro,” tinha revelado Axl.
Por várias semanas, Slash enviou fitas com riffs para Axl, com ideias para a banda trabalhar em cima, mas ele só gostou de 3 delas (entre elas, Fall To Pieces, lançada no debut do Velvet Revolver).
Axl queria mesmo era fazer algo industrial, na linha do Nine Inch Nails, e Slash, voltar a raiz da banda, ao Appetite For Destruction, algo inconcebível para Axl na época, já que o mesmo disse que “não queria ser mais aquele desajustado” que fora antes. As diferenças criativas dentro da banda, mais tarde se tornaram um dos motivos da saída do guitarrista da banda.
Em janeiro daquele ano, Axl subiu ao palco do Hall of Fame para cantar “Come Together”, com Bruce Springsteen. Foi sua última aparição pública em anos.
Em junho, Slash lançou a maquina de pinball do Guns N’ Roses, com um Outtake (musica cortada da mixagem final) dos Illusions: “I Ain’t Going Down”. Essa musica tocava durante o jogo, além de mais 8 hits da banda: “Garden of Eden”, “It’s so Easy”, “My Michelle”, “Nightrain”, “Paradise City”, “Patience”, “Sweet Child O’Mine” e “Welcome to The Jungle”. O jogo foi criado pela Data East e seu objetivo era colocar os 6 membros da banda no palco – cada bolinha representava um membro da banda.
Foi a última música “inédita” (essa música era datada de 1985) que o GN’R “lançou” com sua formação antiga.
Em outubro, o GN’R começou a gravar “Sympathy For The Devil”, cover dos Rolling Stones. Slash concordou, mesmo não gostando do filme, por achar que isso reuniria a banda em estúdio novamente.
Não funcionou. E o que já estava ruim, tinha ficado ainda pior: todos iam para o estúdio gravar, menos Axl, que só aparecia de madrugada. Axl então decide demitir Gilby Clarke, que segundo ele, não fazia parte dos planos que o vocalista tinha para o Guns N’ Roses, e por não contribuir tão bem quanto Izzy. Após a demição de Gilby, Axl traz seu amigo Paul Huge Tobias para substituí-lo. Slash não fica nada contente com a contratação, pois havia sido feita sem seu consentimento. Mesmo assim, Slash continua na banda, e grava o solo de “Sympathy For The Devil”.
Ao ouvir a versão final, que foi incluída no filme Entrevista com o Vampiro (segundo Slash, um dos piores filmes de vampiro já feitos), Slash percebeu que não era o seu solo que soava naquela versão. O solo havia sido substituído pelo de Tobias, pois Axl queria que soasse “nota por nota”, igual ao de Keith Richards.
E é ai que Zakk Wylde entra:
Era janeiro de 1995, o GN’R, mesmo em frangalhos, se reuniu em estúdio, e a banda, agora sem Gilby, procurava um substituto a altura para tal. “Agora que o Gilby não está mais na banda, Axl veio pra mim e perguntou: ‘Que tal o Zakk? Você gosta do Zakk, certo?'”, disse Slash.
“Axl me ligou quando estávamos gravando o álbum Ozzmosis (de Ozzy Osbourne). Eles estavam em meio aos ensaios – estava Slash, Axl, Duff, Matt, Dizzy e eu,” relembrou Wylde. “Não havia nenhuma melodia. Não havia nenhuma letra de música,” revelou ele.
“Eu dizia, ‘cara, você já tem alguma letra pronta?’, e ele respondia, ‘cara, tem gente me processando agora.’ Ele ficava as vinte e quatro horas do dia no telefone com seus advogados. Ele meio que ficava nessa, ‘eu não vou conseguir compor nada agora – elas seriam todas sobre os processos judiciais que estão rolando,'” disse Wylde.
Em outra entrevista, Zakk Wylde disse que a questão burocrática complicou em determinado momento. “As jams acabaram em nada porque advogados e empresários se envolveram muito e isso ferrou com tudo. Não há diversão quando isso acontece”, disse.
Era um ano complicado para Axl, que respondia por diversos processos. Ele comentou sobre o caso em uma entrevista concedida em 2002 para uma rádio de Detroit, e pareceu não ter gostado do resultado. Ele comparou a união entre Slash e Zakk Wylde com a de Robin Finck e Buckethead. “Era engraçado de ver (Slash e Zakk Wylde juntos). Era como uma cobra gigante e um Tiranossauro Rex”, afirmou. Logo depois, Rose muda o discurso. “Era excitante. Tivemos bons momentos”, disse. Em outro depoimento, o vocalista disse que a junção não daria certo porque ele queria cantar e, com dois solistas, isso seria quase impossível.
Naquela época, Axl só conseguiu escrever a letra de uma música inédita do GN’R, até hoje não lançada: Oklahoma.
“Oklahoma foi inspirada por uma data na corte com minha a ex-esposa Erin Everly. Eu estava sentado no juri com a minha ex-mulher, e era o dia após o bombardeio [de 20 de abril de 1995]”, se lembra Rose. “Nós tivemos uma pausa, e eu estava sentado com os meus advogados com uma espécie de sorriso no meu rosto, mais estava nervoso – era como, ‘Perdoe-me, estou tendo problemas para levar isto a sério.’ É irónico que estamos todos sentados e uma pessoa está vomitando todos os tipos de coisas, e 168 pessoas foram mortas. E essa pessoa que está sentada ao meu lado não se importa,” revelou Axl para a revista Rolling Stone, em 2000.
Zakk passou ainda mais uma semana com o Guns N’ Roses, tocando toneladas de riffs com a banda em estúdio, e dali ele tirou um riff para uma música que acabaria saindo no debut do Black Label Society, a música “The Rose Petalled Garden”.
A situação com o Guns N’ Roses causou um problema entre Zakk e Ozzy Osbourne. Zakk tocou no álbum “Ozzmosis”, mas não tinha certeza se poderia sair em turnê com Ozzy (que já tinha um show de aquecimento agendado para o dia 9 de julho daquele ano e uma turnê iniciando em agosto). No final das contas, Zakk, que não conseguia ter uma resposta clara nem qualquer compromisso por parte do GN’R, acabou desistindo da ideia.
“Eu encontrei com Axl depois daquilo e perguntei ‘mas que porra aconteceu?’, e ele me disse: ‘bem Zakk, eu fiquei sabendo que você queria dois milhões adiantados e o seu próprio ônibus para a turnê.'”
Zakk Wylde comentou que sua entrada garantiria um “Guns sob efeito de esteroides”. Se pelo lado do peso seria inimaginável tê-lo no GN’R, por outro lado não é tão fora de mão, em termos de escalas e opções melódicas, Wylde tem opções bem semelhantes às de Slash. Basta mudar a distorção e os captadores da guitarra de Zakk para chegar a essa conclusão. Posteriormente, Igor Cavalera foi sondado para a vaga de baterista – curioso, pois as evidências apontam mesmo que Axl Rose queria peso.
Em 2011, a Black Label Society, banda de Zakk abriu diversos shows do GN’R nos Estados Unidos, e em um deles, Zakk finalmente tocou com a banda. Eles tocaram “Whole Lota Rosie”, do AC/DC, durante uma apresentação em Indianapolis, Indiana.
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
1 comentário
show !!!