REVISTA CLASSIC ROCK – JULHO de 2000
DESABAFO DE STEVEN ADLER
Era o fim da linha para Steven Adler, o fim da viajem de estrela do rock, o fim do sonho da sua vida… “Eu tinha acabado de dar uma injetada. Eu estava no banheiro, vomitando minhas tripas pela quarta vez naquele dia. Um pouco de cocaína, umas outras porcarias, misture tudo e pegue a agulha… cara, eu era bom nisso. Mas eu acho que misturei muita cocaína… eu sabia isso ia ser uma viagem , e a única coisa que eu podia fazer era me segurar para o passeio.
Um pouco depois, eu estava de barriga para o chão, minha cara batendo nos azulejos descontroladamente. Meus olhos estavam abertos – eu sabia o que estava acontecendo, mas eu não podia parar. Eu podia dar uma olhada para a pia, onde tinha uma toalha ao meu alcance. Tudo o que eu teria que fazer era pegar a toalha e colocá-la embaixo da minha cara. Mas eu não conseguia. Eu sentia minha cara batendo no chão – para cima e para baixo sem parar. E eu não conseguia parar, as convulsões impulsionavam o meu corpo. Eu senti meus dentes afrouxarem enquanto eles quebravam, eu sentia dilacerações na minha face. A última coisa que eu lembro foi quando eu bati minha cara numa poça de sangue.”
Isso tornou-se o primeiro derrame de Steven Adler, e depois veio outro, mais um ataque cardíaco e estimadas 31 viagens às emergências de vários hospitais de Los Angeles.
Ainda vivendo em North Hollywood, a natureza de Steven Adler é tão ensolarada agora, quase 15 anos depois, como era nos anos 80, mas sua voz o trai agora, o som macio não é mais tão bom, você tem que ouvir com atenção para entender o que ele fala, o efeito mais óbvio de suas “viagens”, o caminho que ele mesmo escolheu.
“Sim, eu sou um roqueiro”, ele da risada de si próprio, “e um agitador também, é a única felicidade que tenho”.
Steven era uma criança hiper-ativa que vivia com sua avó em Los Angeles aos 12 anos de idade, ele gostava de fazer e não de pensar e estava obcecado com o Kiss desde que foi com a família a Magic Mountain, onde o Kiss estava tocando, dali em diante ele dizia a sua mãe que ele queria se tornar uma estrela do rock, ela dizia, “que legal, Stevie, e eu achava que era isso!”
Na escola, Steven encontrou um amigo em Saul Hudson, que mais tarde, é claro, tornaria-se Slash, outro garoto que também vivia com sua avó em Los Angeles.
Adler lembra, “Na escola havia um prédio de três andares, e havia uma grade de metal ao redor da sacada, eu costumava cantar uma música chamada King Tut, então eu e Slash subíamos naquela grade, a uma altura de três andares, e cantávamos King Tut o mais alto que podíamos, nós tínhamos uma jovem professora, e quando ela nos via lá nós descíamos, dando muita risada, e corríamos pelos corredores e matávamos aula. Depois disso a gente começou a matar aula quase todo dia. Eu e Slash caminhávamos pra cima e pra baixo na Sunset e Hollywood Boulevards, e cada dia nós combinávamos de experimentar um tipo diferente de álcool, e nós caminhávamos e conversávamos sobre como estaríamos vivendo quando fossemos estrelas do rock and roll, era como um sonho que eu sempre sabia que ia virar realidade.
Nós saímos e conhecíamos garotas – mulheres mais velhas – que nos levavam para as suas casas em Beverly Hills. Elas nos davam bebida, cocaína, elas nos alimentavam. Tudo o que tínhamos que fazer era comê-las. As vezes um cara vinha me buscar. Em troca de uma “chupeta”, eu ganhava umas drogas e talvez 30 ou 40 dólares. Eu morava a umas 5 ou 6 quadras da Santa Monica Boulevard, então se eu estava com Slash, nós voltávamos para a minha casa primeiro, eu tinha dois cômodos, uma sala e um quarto, e eu sempre dormia na sala. No quarto, eu tinha uma guitarra e um pequeno amplificador que eu estava aprendendo a tocar, e um dia eu mostrei para o Slash. Eu sabia dois acordes e duas escalas e tentei acompanhar a música Alive do Kiss. Bem, Slash se apaixonou por aquela guitarra. Eu dei ela para ele, e em uma semana ele estava escrevendo músicas. Ele foi feito para a guitarra. Eu só queria ser uma estrela do rock, a guitarra era muito complicada para mim. Eu improvisava uma bateria com travesseiros e cabides, então comprei minhas primeiras baquetas e acompanhava na bateria músicas do Kiss e Boston. A música fazia eu me sentir especial. O rock n’ roll está no meu coração e na alma e o estilo de vida era uma grande parte dele. É como, sexo e rock n’ roll, era esse meu estilo de vida, dali em diante. Nunca usávamos drogas pesadas naquela idade. A heroína só começou depois que ficamos famosos, eu gostava mesmo de maconha, sexo e bateria! Nós nos divertíamos muito mais antes da fama do que depois dela.
Em junho de 1987, Axl definiu bem: “nós somos uma banda de garotos maus, nós não temos medo de abusar das drogas, sexo e tudo mais. Muitas pessoas têm medo de serem assim, mas nós não temos.”
O público diz que o Appetite (for Destruction) é o álbum sensacional, mas eu escutei os nossos primeiros demos há algum tempo atrás, e nós detonávamos mesmo! A primeira vez que o Axl ensaiou com a gente, nós estávamos tocando num quarto pequeno e ele estava atrasado. Nós estávamos tocando Reckless Life e ele entrou correndo no quarto, pegou o microfone e começou a gritar – gritar mesmo – e ele estava literalmente subindo pelas paredes de um lado a outro do quarto. Eu só olhava para o Slash… na manhã seguinte eu acordei e nós tínhamos uma banda de rock. A banda começou vivendo na mesma casa, que eles chamavam de Hellhouse. Todos os tipos de strippers iam lá, e elas ganhavam bastante dinheiro. No começo, todos nós tínhamos empregos estranhos, mas depois começamos a tocar em clubes e ir ao estúdio, e a casa virou uma bagunça repugnante. Nós vivíamos das garotas, mas não era nojento. Nós estávamos em uma banda e conhecíamos garotas. Nós nunca machucamos ninguém. Ainda hoje eu conheço uma das strippers – Monica, uma garota amável, todas elas queriam nos ajudar e era esse o estilo de vida. Realmente, eram os melhores tempos, só tocando nos clubes, lotando eles, tendo pessoas na rua dizendo pra você ‘Hei, eu vi vocês, sua banda é demais!’ Tinha garotas e maconha, essa era a melhor parte.
A heroína era algo que o Slash estava usando, porque nós saímos daquela grande turnê onde tocávamos para 20.000-30.000 pessoas por noite, e nós estávamos esperando para entrar em estúdio, e o Axl ficava adiando… era só algo que as pessoas estavam fazendo. Eu não culpo Slash pela minha decisão de experimentar, e eu pensei ‘Bem, deixe-me experimentar.’ E nas duas primeiras vezes eu nunca usei uma agulha, eu dizia ‘Nem pensar’, e eles diziam, ‘Você não precisa usar uma agulha, você pode fumá-la.’ Nas primeiras duas vezes, eu fiquei muito enjoado, e por incrível que pareça eu queria mais. Eu acordava todas as manhãs e não tinha algo maravilhoso e empolgante como um show para tocar, eu entrei numa grande depressão, e o tempo voa quando você usa heroína, foi por isso que eu comecei a usar, eu meio que injetava para fazer o tempo passar. Ficar viciado,” ele insiste, “era a última coisa que eu esperava acontecer.”
Eu saí do rumo, fui mandado embora da banda porque eles disseram que eu estava usando heroína, mas todos estavam, Doug Goldstein (empresário da banda) me levou a um doutor que me deu uma coisa chamada ‘bloqueador de ópio’, e funciona fazendo você se sentir violentamente doente se você usar algum tipo de droga. Você não pode tomá-lo se você tiver algum traço de heroína no seu sistema, porque você pode morrer. Eu tinha, eles aplicaram essa injeção nas minhas nádegas e eu nunca senti tanta dor como naquela hora, eu ainda lembro hoje, eu fiquei muito doente, nunca esquecerei aquela agulha no meu traseiro. Eu fiquei doente por 6 semanas, e durante esse tempo, Slash me ligou e disse que eles estavam no estúdio gravando Civil War, e eu tinha que ir lá. Eu disse que não podia, mas ele disse que não podiam desperdiçar o dinheiro, então eu levantei e fui lá, mas eu estava tão fraco e doente que tive de tocar a música 25 vezes ou mais, Slash e Duff estavam drogados, eu não estava, mas eu estava doente. Eu nunca disse nada de mal, eu adoro aqueles caras, o Guns N’ Roses foi sempre nós cinco. Isso era algo que o Axl queria, havia um plano para se livrarem de mim. Então o Izzy parou com as drogas e eu não podia ficar com eles por causa das drogas, me deixa muito magoado que eu não pude tocar nos Use Your Illusion, se você escutar Civil War ela soa como uma banda totalmente diferente do resto.
Eu fui pra cadeia,” ele diz simplesmente, “uma garota disse que eu havia batido nela, uma garota louca e psicótica queria namorar comigo, ela morava em um prédio, ela me convidou para jantar, eu posso não ser grande mas eu como feito um porco, eu não iria negar o convite. Ela espancou a própria perna, foi na mesma época que o OJ (Simpsom) fez tudo aquilo que ele fez, e os policiais eram ridículos. Se eu fosse bater nas pernas de alguém 50 vezes – quem conseguiria ficar em pé? Eu peguei 3 meses de prisão chorei todos os dias.”
Steven Adler continua se esforçando, mas acredita que um dia a formação original do GN’R vai se juntar novamente. Ele dá uma informação pertinente para Axl refletir: os últimos álbuns nos quais ele contribuiu como músico e co-escritor, Use Your Illusion 1 e 2, foram os últimos lançamentos da banda que receberam discos de platina, e apesar dos álbuns terem feito os gunners a primeira banda a ter duas vezes 2 álbuns ao mesmo tempo no top 5, as vendas daqueles álbuns e de todos os produtos totalizam mais de 30 milhões, comparados ao Appetite, que vendeu 34 milhões de cópias no mundo inteiro, fazendo dele o quarto álbum mais vendido da história.
Izzy Stradlin diz: “A bateria de Adler fez a banda, ele fez uma grande diferença musical, seu senso de suingue foi o que deu o sentimento às músicas, depois disso, nada funcionou.”
Steven agora planeja um livro e um filme sobre a sua vida, e fica muito perto de sua mãe Deanna, que diz, “Eu ficava meses sem saber aonde ele estava, eu só fiquei sabendo que ele tinha se casado através de um amigo que leu isso no jornal. O Steven passou por momentos terríveis na música e não é só culpa dele, ele tem um irmão mais novo, Jamie, que idolatra Steven, o que posso dizer a ele? O Steven perdeu seu casamento, muito da sua vida e é muito difícil, mas ele é uma pessoa amável, meu marido esteve muito doente e Steven nos apoiou e cuidou de nós, ele tem sido um ótimo filho.”
“Eu tenho 35 anos agora,” ele reflete, “e adoraria ter filhos, eu amava minha mulher, e eu sinto a falta dela mais do que qualquer coisa, eu tenho uma nova namorada agora e eu amo muito ela também. E há 4 ou 5 meses atrás eu descobri que tenho uma filha, ela tem 12 anos, eu conheci a mãe dela em Los Angeles e ela era uma garota muito bonita, ela tinha só 18 anos quando deu a filha para adoção, mas eu nunca conheci minha filha, e eu nunca tentaria dizer a ela quem eu sou, eu nunca conseguiria ir a ela e dizer que sou pai dela, eu estou contente porque ela está feliz.
Mas isso me deixa triste. As crianças são a melhor coisa, fora tocar música, hei, eu sou o baterista sorrindo, apesar disso, eu sou um roqueiro cara… e um agitador também…”
Retirado de: Perfect Crime GNR
Publicado por: Axl Rose – Fã Clube
6 comentários
Nossa, ele deve ter sofrido muito. Deu pena ler isso.
Mas espero, assim como ele, que um dia a formação original se junte…nem que seja para conversarem, se acertarem e lembrarem os velhos tempos. Afinal, crescerem juntos, fizeram aquelas putas músicas juntos, isso é coisa que não se esquece.
De todos eles Steven Adler foi o que mais sofreu com a separação pois não pediu demissão, não deixou a Banda porque não aguentava mais trabalhar com AXL ROSE, ADLER FOI DEMITIDO POR NÃO CONSEGUIR CONVIVER E CONTROLAR O SEU VÍCIO!!! TRISTE! MUITO TRISTE!
Steven Adler é um cara triste, e seus dias de gloria já passarem, infelizmente.
STEVEN É UM EXEMPLO DE TUDO QUE NAO DEVEMOS FAZER.
Ele é parte fundamental na ferozidade,som cru e o rock n roll das ruas naquela epoca incluido no Apettite for destruction!!
grande baterista.
demitido pelo vício
infelizmente amigos e negócios
são à parte.
a vida é assim
a glória do uns não durou muito.como cometa .passa.brilha e desaparece.
a formaçao atual.bons músicos. porém nda tem da original. até axl n e aquele .